sexta-feira, 19 de julho de 2013

Onze policiais suspeitos de torturar presos se entregam




Ministério Público diz que grupo arrancou confissões em investigação sobre morte de adolescente; delegado e auxiliar de carceragem ainda são procurados

Policiais procuram por Tayná em meio aos brinquedos vandalizados do parque, em Colombo, no Paraná
Corpo de Tayná foi encontrado em um terreno próximo ao parque de diversões onde trabalhavam os suspeitos (Aniele Nascimento/Agência Gazeta do Povo/Folhapress)
Onze dos catorze suspeitos de torturar quatro funcionários de um parque de diversões que haviam sido presos pela morte da adolescente Tayná Adriane da Silva, de 14 anos, foram detidos na manhã desta quinta-feira. Entre eles estão nove policiais civis, um policial militar e um guarda municipal de Colombo, cidade na região metropolitana de Curitiba onde ocorreu o crime. Eles se entregaram após terem a prisão decretada pela Justiça nesta quarta-feira. 
Aém dos onze que se apresentaram nesta quinta, também foi determinada a prisão de um auxiliar de carceragem, um preso de confiança (que já está detido) e do delegado responsável pelas investigações do caso Tayná, Silvan Rodney Pereira. Apesar de estar sendo procurado, Pereira ainda não é considerado foragido, segundo a Secretaria de Segurança Pública do Estado do Paraná.  
Os policiais foram levados para a Delegacia de Furtos e Roubos de Veículos, em Curitiba, que tem uma carceragem específica para policiais. O auxiliar de carceragem avisou o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) que vai se apresentar nesta quinta-feira à tarde com seu advogado. De acordo com o Ministério Público do Paraná (MP), o “preso de confiança” deve ser transferido para uma penitenciária.
Todos foram acusados de participar ou acobertar as sessões de tortura nos funcionários do parque, apontados inicialmente como os autores da morte e do estupro da adolescente. Tayná havia desaparecido na região em 25 de junho. No dia 27, a polícia prendeu os quatro funcionários do parque, instalado em Colombo havia vinte dias. No dia seguinte, o corpo de Tayná foi encontrado.  
Crime – Inicialmente, a investigação da morte de Tayná foi tratada como um trabalho bem-sucedido da polícia: 48 horas após o sumiço dela, quatro suspeitos estavam presos e haviam confessado. O crime, aparentemente, havia sido elucidado. Por essa versão, os quatro homens havia notado Tayná, que morava na região e costumava passar em frente ao terreno onde o parque havia sido montado. Em um determinado dia, eles a teriam sequestrado, estuprado e depois enterrado seu corpo. A divulgação do suposto envolvimento causou revolta na população local que, em represália, incendiou o parque.
A reviravolta no caso começou poucos dias depois das prisões, quando uma perita do caso afirmou que não havia indícios de estupro no corpo da menina. No dia 9 de julho, foi divulgado que o DNA do sêmen encontrado nas roupas da jovem não bateu com as amostras coletadas com os suspeitos. Na sequência, a seção local da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) denunciou que havia provas “inequívocas” de que os suspeitos tinham sido espancados, sufocados e eletrocutados para confessar o crime. O Ministério Público também viria a engrossar o coro de que as confissões haviam sido obtidas por meio de violência. Por fim, os quatro presos acabaram sendo soltos
As denúncias levaram ao afastamento dos delegados do caso e de toda a equipe de policiais da delegacia de Colombo, que sofreu a intervenção da Secretaria de Segurança Pública do Paraná. A Corregedoria da Polícia Civil também pediu a prisão preventiva dos policiais envolvidos no caso de suspeita de tortura. 
Segundo o MP, a atual fase de investigações ainda não descartou completamente uma eventual participação dos quatro funcionários no crime, mas aponta que a hipótese tem se mostrado cada vez menos provável por causa das provas periciais e das falhas na investigação inicial. 

Crimes que assustaram o país

1 de 10

Caso Yoki: ciúmes e morte

Na noite do dia 20 de maio, o empresário Marcos Kitano Matsunaga, de 42 anos, foi vítima de um crime que chamou a atenção de todo o Brasil. Diretor executivo da Yoki, uma gigante do setor de alimentos, ele foi morto e esquartejado pela própria mulher, a bacharel em direto Elize Kitano Matsunaga, 38, no apartamento onde moravam em São Paulo. A viúva confessou o assassinato e disse que vinha sendo traída, agredida e humilhada por Marcos. O casal se conheceu quando Elize trabalhava como garota de programa. Juntos, tiveram aulas de tiro e mantinham em casa um arsenal de armas. Com uma delas Elize deu um tiro em Marcos e depois o esquartejou. Colocou o corpo do marido em três malas e as espalhou pela cidade. Elize, que afirma ter agido sozinha, está presa. Em janeiro, a Justiça decide se ela vai a júri popular pelo crime. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário