RIO - O GLOBO conseguiu com exclusividade o acesso às imagens no processo que tramita no 4º Tribunal do Júri sobre a morte do estudante Rodrigo Henrique Ribeiro Andrade Chagas, de 23 anos, no qual a polícia aponta Gabriel Macedo Pires, o Gabiru, como autor dos disparos. O crime ocorreu no dia 29 de março, em frente à Boate Casa Rosa, localizada na Rua Alice, em Laranjeiras, na Zona Sul do Rio.
As imagens do circuito interno da boate revelam o momento da briga na saída da casa noturna e o assassinato do jovem. Após uma confusão, iniciada pelo jogador de polo do Botafogo Caio Luiz Barros de Lima, que acompanhava Gabriel, chefe da gangue da Urca, ocorre o homicídio. Depois de matar o estudante, Gabiru ainda conferiu se a vítima, alvo da briga, realmente estava morta.
Além de Gabriel, que está foragido, mais três jovens, dois de classe média, são acusados do crime. Antes de completar 18 anos, Gabiru já tinha em suas costas violação de domicílio, arrombamentos, furtos, desacatos e resistência. Moradores lembram que agentes do Policiamento Comunitário da Urca se cansavam de levar o rapaz à 10ª DP (Botafogo). Quando era encontrado com drogas, policiais contam que Gabriel sempre alegava que eram para consumo próprio, mas os moradores do bairro sabiam que suas roupas caras não provinham da mesada humilde de seu avô materno, Seu Macedo. Exemplo de rebeldia, ele tinha seu point: a mureta do bairro, em frente a um restaurante da Urca. Lá, estava sempre rodeado de garotos das classes média e alta de um dos bairros mais caros e considerado um dos mais seguros do Rio.
‘Juventude sem valores’
Alto e franzino, Gabriel montou sua gangue, na qual cada integrante tinha uma função. Numa análise rápida dos perfis dos quatro réus no processo de homicídio de Rodrigo, pode-se identificar os papéis. Segundo as investigações da Divisão de Homicídios (DH), que elucidou o crime em 24 horas, Henrique de Brito Vieira, o Henriquinho, de 23 anos, era o responsável pela venda de drogas. Em sua casa, na Urca, foram apreendidas cocaína e maconha, uma balança de precisão e R$ 49,5 mil. Sua ficha tem nove delitos semelhantes aos de Gabriel.
De acordo com a DH, no dia do crime Gabriel, Caio Luiz Barros de Lima (o Pacotão, de 22 anos) e Pedro Luiz de França Netto (o Japa, de 23) esbarraram com o grupo de Rodrigo — Marcel Gomes de Rezende, 23, e amigos — na Casa Rosa. Pedro teria pedido desculpas a Marcel por ter furtado a moto deste, três meses antes, e que já fora devolvida. Na delegacia, Marcel, que prestou dois depoimentos, disse ter perdoado Pedro, mas que Caio teria cismado que Rodrigo o encarava, desferindo-lhe um soco. O grupo de Gabriel foi expulso da boate. Marcel contou que um amigo em comum tentou acalmar os ânimos, mas Gabriel teria dito que “iria resolver isso”.
Às 4h40m, cerca de uma hora depois da briga, Gabriel foi flagrado pelas câmeras de segurança da boate atirando contra Rodrigo e entrando num Gol com Pedro e Caio. Embora não estivesse na boate, os investigadores não têm dúvidas de que Henrique levou a arma do crime para Gabriel, pois o carro usado por ele, de propriedade de seu avô, também foi registrado pelo circuito interno de segurança da Casa Rosa.
Logo após o crime, nervoso, Marcel omitira os nomes dos envolvidos. Mas depois retornou à delegacia e disse que “se não tomasse essa atitude estaria traindo o amigo (Rodrigo) de muitos anos e beneficiando um bando de marginais”. Marcel acusou Pedro de ser o responsável pelos furtos de motos em Copacabana.
Pedro é estudante universitário e modelo profissional, segundo sua mãe, Roma Angélica de França, advogada, escreveu numa das folhas do processo de homicídio de Rodrigo, no 4º Tribunal do Júri da capital. A família mora num prédio de classe média em Botafogo e não quis falar sobre o caso. Assim como Gabriel, Pedro está foragido.
Já a mãe de Caio, Inês Barros, diz que o filho foi influenciado por “más companhias”. Na seleção de polo aquático do Botafogo, ele tinha bolsa e costumava viajar com a equipe. Por ser forte, era usado por Gabriel como o segurança da gangue. A própria Inês, que perdeu 35 quilos desde que o filho foi preso, acredita que Caio foi cooptado para ser o guarda-costas de Gabriel, mas nega o envolvimento dele no crime.
Nascido e criado na Urca, Henrique sempre foi mimado pela família, cujos membros pediram para não ser identificados. Ele concluiu o ensino médio há pouco tempo. O avô, autônomo, contou que a primeira vez em que viu o neto com Gabriel teve um mau presságio.
O chefe das operações da DH, o delegado Rafael Rangel, pede que as pessoas ajudem a prender Gabriel e Pedro, ligando para o Disque Denúncia (2257-1177).
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