Jogo de cena – Um dia creditaram ao general Charles De Gaulle, então presidente da França, a autoria da frase “o Brasil não é um país sério”. Nunca se soube ao certo se a tal frase era mesmo dele, mas se ainda estivesse vivo, De Gaulle por certo chamaria para si a autoria dessa lapidar afirmação, pois o Brasil tem dado mostras seguidas e inequívocas de que seriedade é uma palavra que foi retirada dos dicionários locais.
No momento em que a principal Casa parlamentar do País elege dois presidentes, da Câmara e do Senado, que são alvos de graves denúncias de corrupção e outros crimes, não há como considerar sério um país onde esse tipo de escárnio acontece, como se a opinião pública nada representasse nesse jogo imundo de cartas marcadas.
Ao subir a rampa do Congresso Nacional na segunda-feira (4), ato que marcou a abertura do ano legislativo, Renan Calheiros ouviu de manifestantes xingamentos dos mais diversos, entre os mais suaves “safado”, “sem vergonha” e “ladrão”. Fingindo não ouvir o grito dos descontentes e indignados, Renan subiu a rampa ao lado da mulher Verônica Calheiros, que apareceu em público pela primeira vez, com mais destaque, depois do escândalo de 2007, na condição de traída.
Não há ainda no planeta um gênio que seja capaz de criar uma ação que tire o Brasil desse criminoso status quo, que mais uma vez leva ao País à derrocada econômica, pois o já desconhecido e crescente descrédito da classe política agora se mescla à paralisia de um governo incompetente e intervencionista.
Imaginar que o Brasil é uma democracia, em que o poder emana do povo e a ele cabe decidir o futuro da nação, é um claro sinal de que a sociedade sofre de inocência irreversível, sem contar a sua incapacidade de reagir, o que contribui para que quadrilheiros profissionais e de longa data sejam chamados de Vossas Excelências.
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