Os indígenas da etnia Terena prometem ignorar a decisão da Justiça, que determinou nova reintegração de posse até ontem (3), e ameaçam permanecer na Fazenda Buriti, em Sidrolândia. Eles voltaram às terras menos de 24 horas depois da reintegração cumprida pela Polícia Federal na quinta-feira (30).
“Estamos com firmeza nas nossas decisões. Queremos as terras demarcadas e não dá para ficar ouvindo assunto de multas. Existe um povo que deve ser olhado”, disse o líder indígena Alberto Terena sobre a decisão da juíza federal substituta em plantão, Raquel Domingues do Amaral.
Neste domingo (2), a juíza estabeleceu multa diária de R$ 1 milhão para a União e a Funai (Fundação Nacional do Índio) se os Terena não desocuparem a área em 48h. O prazo se esgotou ontem (3).
Alberto afirmou que os indígenas guardam o prazo de 15 dias, estabelecido em reunião com representantes do Governo Federal e do CNJ (Conselho Nacional de Justiça), para que uma solução seja apresentada para as demarcações em todo o Mato Grosso do Sul.
Entretanto, a comunidade ainda está revoltada com a morte de Oziel Gabriel, de 35 anos, por isso houve as ocupações da Fazenda Cambará, também em Sidrolândia, e da Fazenda Esperança, em Aquidauana.
“Nenhuma pressão política ou militar vai fazer com que nós desistamos do nosso direito estabelecido em constituição. Nós não estamos invadindo ou inventando algo. Queremos o que é nosso”, opina o líder sobre a situação.
Questionado sobre o interesse do Governo Federal em apaziguar o conflito entre indígenas e produtores rurais, Alberto acredita que a situação é momentânea. “A gente sabe que eles estão querendo dizer e mostrar ao mundo que têm vontade em resolver as demarcações. Mas existe uma grande possibilidade de ser por pouco tempo”, acredita.
“Estamos com resistência. Se o governo quer matar mais índio é só fazer reintegração de posse. É uma revolta geral na comunidade”, disse Dionedson Terena, um dos indígenas que participaram da retomada.
Sobre o cumprimento da decisão judicial, a Funai afirmou à imprensa que a orientação dada aos indígenas é que eles deixem as terras da Fazenda Buriti, mas a decisão da comunidade é de permanecer no local. “O clima ainda está tenso”, afirma a fundação.
(com informações)
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