segunda-feira, 24 de junho de 2013

Os ultraesquerdistas do Movimento Passe Livre, do MTST e do Periferia Ativa tentam retomar o protagonismo e agora vão levar agitação para as áreas mais pobres de SP


Inconformados com o suposto desvio conservador das manifestações, os coxinhas radicais do Movimento Passe Livre e seus aliados de esquerda do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto) e do Periferia Ativa decidiram, há dois dias, não convocar mais manifestações em São Paulo. Como os protestos continuaram a acontecer mesmo sem eles, então recuaram do recuo e agora estão de volta. Por enquanto ao menos, parece que vão deixar a Paulista “para a direita”. Os almofadinhas, agora, querem cair nos braços da periferia.
Com o auxílio da imprensa, transformada em sua porta-voz, a turma decidiu marcar um protesto que tem duas áreas iniciais de concentração: o Largo do Campo Limpo e a estadão do metrô Capão Redondo. Atenção para isto: os protestos vão começar às 7h, segundo informam os portais noticiosos. Se for assim, parece que a ideia é forçar uma espécie de greve junto com a manifestação. A depender das adesões e do que faça o grupo, cria-se um colapso nos transportes, e ninguém consegue se mexer.
Mas, diz o Datafolha, 66% dos paulistanos apoiam os protestos. Eu também apoio, já disse, mas não assim. Nenhuma democracia do mundo permite que a vida das pessoas — ainda que seja da minoria de 34% — seja decidida pela vontade militante de alguns grupos, ainda que suas causas sejam justas e razoáveis. A do MPL é?
Eles avisam em sua convocação que o protesto de agora é pelo “passe livre” mesmo. E escrevem: “Se, antes, diziam que baixar a passagem era impossível, a luta do povo provou que não é. Já derrubamos os 20 centavos. Podemos conquistar muito mais. O transporte só vai ser público de verdade quando não tivermos que pagar nenhuma tarifa para usá-lo”. Eu não vou dar piscadelas para essa sandice. Pouco me importa que o peso recaia sobre Fernando Haddad, que já apelidei aqui de o Supercoxinha de esquerda. A Prefeitura não é dele. Quando ele se for, o problema continua.
Ah, sim: a pauta de demonização da polícia continua. O MPL também vai pedir a sua “desmilitarização” e mais verbas para saúde e educação. Contra a corrupção e o vandalismo, até agora, o grupo não falou. Deve achar que é coisa “de direita”.
Os portais estão noticiando o serviço, ensinado a seus leitores como chegar ao local da passeata. É mais ou menos como se fosse uma excursão ao mundo dos pobres, entenderam? Uma espécie de mistura de espírito militante com espírito turístico. A depender da bagunça que essa gente faça lá no metrô do Capão Redondo, há o risco de pôr em colapso todo o sistema.
Mas nós todos já aprendemos. Se houver alguma confusão, a culpa ou é da polícia ou é de uma “minoria infiltrada”, como a Globo passou a chamar os vândalos. Jamais será de quem marcou um protesto em áreas vitais da cidade, às sete da manhã.
Faustão
Um amigo me liga e diz que Fausto Silva fez há pouco um verdadeiro manifesto em defesa das mobilizações — contra, claro!, o vandalismo. Só faltava ser a favor. Teria feito considerações em tom meio jacobino sobre a passividade do povo, a necessidade de ir às ruas e coisa e tal. Se o bicho por aqui pegar, se o pau comer pra valer, sabem como é, ele sempre poderá se solidarizar conosco lá de Miami, onde não há a hipótese de violação de direitos fundamentais com o apoio de programas de entretenimento. Há, evidentemente, uma óbvia diferença entre a defesa da civilidade nos protestos e a incitação.
Faustão teria perguntado no ar, com a plateia sempre respondendo “Nãããooo”:
- A saúde é boa?
- A educação é boa?
- A segurança é boa?
- O transporte é bom?
O discurso demagógico e populista raramente é definido pelo conteúdo, mas pelo tom. Nessas circunstâncias, a resposta seria “nãããõoo” na maioria das grandes cidades do mundo. A questão é saber se cabe a animador de auditório esse tipo de discurso e se aquele é o lugar adequado para esse tipo de debate. Não! Não estou defendendo censura, não! Só bom senso. Ele fale o que bem entender. Eu falo também.
Vinte e três de junho de dois mil e treze. Não se esqueçam de que eu disse aqui que essa aparente explosão de cidadania vai tornar o Brasil ainda mais refém do que já é hoje em dia de minorias radicais, que impõem a sua pauta mesmo sem ter representação para isso. Este será um dos temas principais do segundo capítulo da série “Por que eu digo não”.
Por Reinaldo Azevedo

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