Presidente russo não falou em extradição aos EUA e disse que ex-técnico da CIA deve partir o quanto antes. Impasse desgasta laços entre os dois países
"Todas as acusações contra a Rússia são delirantes e são tolices", afirmou Putin (Kimmo Mantyla/Reuters)
O presidente da Rússia, Vladimir Putin, disse nesta terça-feira que o ex-técnico da CIA Edward Snowden ainda está em uma zona de embarque do aeroporto Sheremetyevo, em Moscou, e livre para sair. Em uma entrevista à imprensa na Finlândia, o presidente da Rússia disse que, quanto antes Snowden decidir seu destino, melhor será para as autoridades russas e para ele mesmo. Ele não falou em extradição.
Snowden admitiu ter sido o responsável, no início deste mês, pelo vazamento de informações sobre programas secretos de vigilância da administração Barack Obama. As revelações feitas pelo homem de 29 anos, que também prestou serviços para a Agência de Segurança Nacional (NSA, na sigla em inglês), mostraram que o governo americano mantém ou tem a capacidade de manter cada cidadão do mundo sob constante vigilância. O caso aumentou a desconfiança em relação à administração Obama, que já vinha sendo atingida por denúncias de perseguição à imprensa e a grupos conservadores.
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Durante a entrevista desta terça, Putin disse ainda que espera que o caso não afete as relações com Washington - que pediu à Rússia que entregasse Snowden à Justiça americana -, mas disse que não o entregaria. O presidente russo também classificou como "bobagem" as acusações de que a Rússia estaria ajudando o delator dos programas de vigilância dos EUA. "Todas as acusações contra a Rússia são delirantes e são tolices", afirmou Putin.
Mais cedo, o ministro russo das Relações Exteriores, Sergei Lavrov, havia dito que o ex-técnico da CIA não havia cruzado a fronteira com a Rússia. "Ele (Snowden) escolheu o seu itinerário por conta própria. Nós fomos informados sobre isso pela imprensa. Ele não cruzou a fronteira com a Rússia", disse.
Na segunda-feira, Obama afirmou que seu governo está buscando “todas as vias legais” para levar o ex-técnico da CIA de volta aos Estados Unidos. A perseguição a Snowden tem desgastado os laços entre Washington e Pequim e ameaça as já instáveis relações entre EUA e Rússia.
Revelações - Snowden deixou o Havaí em 20 de maio e viajou a Hong Kong, onde vazou à imprensa informações confidenciais sobre a existência do programa de espionagem Prism. A rede oficial de bisbilhotagem permite ao governo americano vasculhar gravações telefônicas e de internet, além do tráfego em redes sociais, de milhões de americanos. A revelação se transformou no mais novo escândalo da gestão Obama e deixou estarrecidos os defensores das liberdades civis.
No domingo, o ex-técnico da CIA chegou a Moscou, de onde embarcaria para Havana (Cuba). Seu destino final seria Quito (Equador). Snowden pediu asilo político ao governo equatoriano de Rafael Correa - ironicamente, uma administração que tem se notabilizado pelo cerco à imprensa e ao Judiciário, entre outras medidas autoritárias -, que está estudando o caso. O Equador já concedeu asilo a Julian Assange, o fundador do site de vazamentos WikiLeaks, que está ajudando Snowden em sua fuga da Justiça americana.
(Com agência Reuters)
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