quarta-feira, 19 de junho de 2013

Feliciano diz que Maria do Rosário está 'mexendo onde não devia'

Ministra disse que trabalhará para evitar aprovação da 'cura gay'.
Proposta foi aprovada na Comissão de Direitos Humanos da Câmara.

Nathalia Passarinho Do G1, em Brasília
1802 comentários
O deputado Marco Feliciano (PSC-SP) afirmou nesta quarta-feira (19) que a ministra da secretaria de Direitos Humanos, Maria do Rosário, está “mexendo onde não devia”. Nesta terça (18), ela criticou a aprovação, na Comissão de Direitos Humanos da Câmara, do projeto que libera a “cura gay” e disse que vai trabalhar para evitar que o texto seja aprovado em definitivo pelo Congresso Nacional.
Presidente do colegiado, Feliciano afirmou que a ministra deveria ter mais “juízo” e não interferir no Legislativo. “Dona ministra Maria do Rosário, dizer que o governo vai interferir no Legislativo é muito perigoso. Principalmente porque ela mexe com a bancada inteira, feita não só por religiosos. O projeto foi votado por delegados, advogados”, afirmou.
“Para a ministra falar que vai colocar toda máquina do governo para impedir um projeto, acho que ela está mexendo onde não devia. Senhora ministra, juízo. Fale com a sua presidente, porque o ano que vem é político”, completou o deputado.

A proposta que determina o fim da proibição, pelo Conselho Federal de Psicologia, de tratamentos que se propõem a reverter a homossexualidade foi aprovado nesta terça pela Comissão de Direitos Humanos.

De autoria do deputado João Campos (PSDB-GO), o projeto pede a extinção de dois artigos de uma resolução de 1999 do conselho. Um deles impede a atuação dos profissionais da psicologia para tratar homossexuais. O outro proíbe qualquer ação coercitiva em favor de orientações não solicitadas pelo paciente e determina que psicólogos não se pronunciem publicamente de modo a reforçar preconceitos em relação a homossexuais.

Na prática, se esses artigos forem retirados da resolução, os profissionais da psicologia estariam liberados para atuar em busca da suposta cura gay. Antes de virar lei, o projeto ainda terá de ser analisado pelas comissões de Seguridade Social e Família e de Constituição e Justiça até chegar ao plenário da Câmara. Se aprovada pelos deputados federais, a proposta também terá de ser submetida à análise do Senado. Somente então a matéria seguirá para promulgação.

Nesta terça (18), Maria do Rosário criticou o projeto após reunião com o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL). “Nós vamos dialogar com as bancadas e com os presidentes [das comissões], procurando que todos os brasileiros sejam respeitados, respeitadas. E afirmando que esse projeto não respeita os cidadãos brasileiros que são homossexuais. E é uma missão da área de direitos humanos garantir a todos os brasileiros e brasileiras os direitos iguais”, disse.

A proposta também foi criticada pelo presidente da Comissão Nacional de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Wadih Damous, que classificou como "lamentável" a aprovação do projeto pela Comissão de Direitos Humanos. "É lamentável uma proposição como essa justamente no momento em que o país assiste a uma mobilização social capaz de enfrentar práticas fundamentalistas", declarou Damous.

O Conselho Federal de Psicologia classificou projeto de "retrocesso" e informou que não irá abrir mão das regras da profissão contestadas por parlamentares e contidas em uma resolução da entidade de 1999.

“Vimos isso [a aprovação do projeto na comissão] como um retrocesso considerável, tendo em vista que a resolução aponta e vai na direção de um direito consolidado constitucionalmente. Não nos surpreendeu tanto [a decisão], considerando-se a linha um tanto quanto violadora de certos argumentos que tem sido utilizada lá. É, de fato, um retrocesso na garantia de direitos”, afirmou em entrevista coletiva a psicóloga Cynthia Ciarallo, conselheira do órgão federal de psicologia.

Nenhum comentário:

Postar um comentário