blog do coronel
Sobre o conflito entre a Polícia Federal e os índios terena incitados pelo Conselho Indigenista Missionário (CIMI), ocorrido ontem em Sidrolândia, Mato Grosso do Sul, conheçam o posicionamento das duas partes. Lembrem que o dono da fazenda desde 1927, Ricardo Bacha, não estava lá. E que o índio morto era o líder da "resistência", que usou arma de fogo contra os policiais.
O QUE PENSA O ÍNDIO
O irmão de Oziel, Otoniel Gabriel, de 32 anos, avisa. “Mataram um dos nossos, vai morrer gente de lá”. A ameaça é reproduzida por vários índios. O cunhado do terena morto é mais específico em relação aos “alvos”. “Ou a gente mata um policial ou o fazendeiro. O Ricardo Bacha vai pagar, vamos vingar a morte”. Leia aqui.
O QUE PENSA O PRODUTOR RURAL
Folha - O sr. teve mais informações sobre o que ocorreu ontem no confronto?
Ricardo Bacha _ As informações que eu tenho são as da imprensa. Eu não desci lá [na fazenda] porque não tenho segurança nenhuma para isso. Queimaram minha casa, a sede dos empregados também, um galpão de máquinas, o meu trator. É isso o que eu vi na televisão. Mas a primeira coisa que quero dizer é a minha mais profunda consternação pela morte desnecessária de um índio. Nós avisamos, muitas e muitas vezes, as autoridades do país que haveria um tipo de confronto desses. Ou morreria índio, ou morreria produtor. Nesse caso, morreu índio porque não tinha produtor.
Qual é a solução para isso, na sua opinião?
A saída aqui é vender essas terras. O governo federal precisa arrumar uma forma de comprá-las. A única solução é o governo vir para cá com uma missão pacificadora, como teve lá no Morro do Alemão. Porque aqui virou um Morro do Alemão. O conflito aqui tem tanta proporção quanto aquilo. O governo tem que vir para cá para fazer a pacificação da área e dar a terra para os índios. 90% dos produtores estão dispostos a vender a terra, mas a preços reais.
Mas, pela portaria que declarou a terra como indígena, em 2010, não ficava estabelecido que o governo pagaria indenização aos proprietários?
Não. A portaria pura e simplesmente mandou demarcar os 17 mil hectares pretendidos pelos índios, sendo que transcorria na Justiça uma ação, que não foi respeitada pela Funai nem pelo ministro da Justiça. Orientados por ONGs, eles continuaram insistindo que a terra era deles. Ninguém fala que houve uma decisão judicial que não reconhece a terra como indígena, e que portanto tanto o laudo quanto a portaria perderam o valor. A Funai não diz isso para os índios. Continua insistindo que a terra é deles. Aí a situação que resta é de conflito.
A Funai não está recorrendo da decisão do TRF?
Está recorrendo, mas a decisão que está valendo é aquela. Cabe recurso ao STF [Supremo Tribunal Federal], mas a decisão é essa. Tanto é que temos o interdito proibitório de algumas propriedades, que se transforma imediatamente em reintegração de posse. E é por isso que a reintegração está sendo dada em prazo curto.
O governo federal está sendo omisso, na sua opinião?
Omisso e insensível. O grande responsável por isso, você não tenha dúvida, é o governo, que fez ouvidos moucos a isso que estamos alertando. Foi denunciado aqui na Assembleia Legislativa várias vezes que os índios estavam se armando. E não é com aquela espingardinha que apareceu na televisão, não, nem com arco e flecha. É com armamento pesado. Temos documentos.
Os índios dizem que só se armam em legítima defesa.
Sim, mas veja: você está em casa, indefeso, na perspectiva de ser invadido por um bando de pessoas. O que você tem que fazer para se defender, para defender sua vida? Você vai se armar. E é nesse conflito que o governo não quer meter o bico, porque não se comoveu com a situação. Isso não é prioridade do governo federal, e precisa ser.
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