Percival Puggina
O governador Tarso Genro, em recente entrevista, declarou-se contrário a quaisquer leis, sejam municipais, estaduais ou federais que visem a proibir o uso de máscaras em "protestos". Ora, para que não esqueçamos de certas compreensões consensuais numa sociedade civilizada: protesto se faz em passeatas ou concentrações, erguendo cartazes e faixas, proferindo discursos e refrões, subindo num banquinho ou carro de som, usando megafone. Protesto se faz mostrando a cara, para que as pessoas saibam quem é quem e quem está com o quê. Se usa máscara e é apenas manifestante, é covarde. Tem vergonha do que faz. Se usa máscara é não é manifestante, então é malfeitor, bandido.
Voltemos, então, ao governador do Rio Grande do Sul, um Estado que se orgulha de sua história e da bravura de eminentes figuras que a construíram. Disse ele, referindo-se ao projeto aprovado pela Câmara de Vereadores da capital gaúcha: "Essa lei não tem nenhuma função ou objetivo". Mas como não, governador? Função da lei - permitir a identificação de quem cometer crimes. Objetivo da lei - inibir a destruição de patrimônio público e privado pelo reconhecimento dos violadores, e proteger a integridade física de policiais e transeuntes.
Como não poderia deixar de ser, invocou ele o velho chavão esquerdista usado sempre que ocorre alguma reação frente a atos de selvageria praticados por grupos descontrolados: "A lei (municipal, contra o uso de máscaras) criminaliza os movimentos sociais". É dose! Onde o ilustre ex-ministro da Justiça foi buscar a ideia de que crime cometido por muita gente deixa de ser crime? Em que alfarrábio Tarso encontrou uma definição de movimento social na qual se enquadrem os black bloc, os incendiários de ônibus, os arrastões em estabelecimentos comerciais? A conduta desses grupos criminosos nada tem a ver com reivindicação social, mas com a apologia da violência como instrumento da política, terrorismo ou roubo com uso de violência. Ser contra a proibição ao uso de máscaras é legitimação da violência, negação da política e retrocesso civilizacional.
A relação do PT com a impunidade já ultrapassou todos os limites do descaramento. Se é companheiro, se pega junto, se vota com a turma, pode tudo. E mais um pouco.
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* Percival Puggina (69) é arquiteto, empresário, escritor, titular do site www.puggina.org, colunista de Zero Hora e de dezenas de jornais e sites no país, autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia e Pombas e Gaviões, membro do grupo Pensar+.
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