Ana
de Hollada foi demitida do Ministério da Cultura. Em seu lugar, assume a
senadora Marta Suplicy (PT-SP). Falemos primeiro da que sai. Deixa a
pasta aquela que nunca deveria ter sido nomeada. Ao fazê-lo, Dilma
escolheu um sobrenome — Buarque de Holanda (o “Hollanda” dela tem dois
eles, não sei se por erro de registro ou questões numerológicas) —, não
uma gestora para a pasta. Era uma espécie de medalha de reconhecimento
pelos serviços prestados ao partido pelo irmão da maninha, o já decano
do engajamento “esquerdosamente correto”. A causa mais recente de Chico
Jabuti é a candidatura de Marcelo Freixo, a que aderiram 10 de cada 10
militantes de extrema esquerda de Copacabana, Leblon e Ipanema. Mas
voltemos.
Ana foi um
fiasco na pasta desde o começo. Ficava evidente que não tinha a mais
remota ideia do que fazer por lá. Os próprios petistas não se entendiam a
respeito. Boa parte do “engajamento cultural” no Brasil é, como sabem,
financiada pelo “estado burguês” com o qual os engajados querem acabar. A
ideologia mais influente no Brasil continua a ser a do assalto aos
cofres públicos, seja com mensaleiros, seja com “artistas” que estão
certos de que os desdentados são obrigados a financiar suas metáforas.
Por inépcia política e administrativa, Ana não conseguiu ordenar a
distribuição do leite de pata estatal para bocas sedentas. Estavam todos
descontentes.
Não que
sua passagem pela pasta tenha sido irrelevante! Nada disso! Kim
Jong-Lula, nosso estimado líder, fará em São Paulo um “Memorial da
Democracia”, como sabem. Em São Bernardo, o prefeito Luiz Marinho (PT),
seu primeiro-estafeta, decidiu construir um “Museu da Greve”. É isso
mesmo! A obra custará R$ 18 milhões. O município arcará com R$ 3,6
milhões. O resto virá do governo federal — parte do dinheiro, Ana
prometeu, sairá do… Ministério da Cultura!
Só isso?
Não! Ana assegurou que o tal memorial de Lula — o de São Paulo, não o
museu de São Bernardo — também contará com recursos da Lei Rouanet.
Entenderam, companheiros? Ana pode não ter sabido atender às demandas
dos artistas sequiosos de uma verbinha pública, mas assegurou recursos
para dois monumentos em homenagem ao Apedeuta! É um escracho!
O grupo de teatro amador a que pertence Bia Lula, neta do Apedeuta,
conquistou o direito de captar R$ 300 mil pela Lei Rouanet. A primeira a
se apresentar para financiar o espetáculo foi a Oi, ex-Telemar — aquela
que havia investido alguns milhões da Gamecorp de Lulinha, filho do
Lulão e tio de Bia.A obra dessa gigante ainda não está completa. Ana aprovou outro projeto, se me permitem o vocábulo, “seminal” para a cultura, que envolve o livro “Leite Derramado”, de um tal Chico Buarque de Holanda. A Biblioteca Nacional decidiu financiar a tradução da obra para o coreano. Faz sentido? Claro que faz! Se queremos mimosear os coreanos — os do Sul; no Norte, comandando pelos comunistas, amigos de Chico, livros estrangeiros são proibidos — com o leite derramado pelo irmão de Ana, por que os brasileiros não haveriam de pagar por isso?
A ministra que entra
O esforço para tentar impedir a eleição de José Serra (PSDB) em São Paulo já custou dois ministérios: o da Pesca (o tiro, por enquanto, saiu pela culatra) e o da Cultura. Dilma meteu o senador Marcelo Crivella (PRB-RJ), sobrinho de Edir Macedo e bispo da Igreja Universal, no Ministério da Piaba. Ele confessou não saber pôr uma minhoca no anzol. Não era metáfora. Seus antecessores também não sabiam.
O esforço para tentar impedir a eleição de José Serra (PSDB) em São Paulo já custou dois ministérios: o da Pesca (o tiro, por enquanto, saiu pela culatra) e o da Cultura. Dilma meteu o senador Marcelo Crivella (PRB-RJ), sobrinho de Edir Macedo e bispo da Igreja Universal, no Ministério da Piaba. Ele confessou não saber pôr uma minhoca no anzol. Não era metáfora. Seus antecessores também não sabiam.
Dilma
nomeou Crivella num esforço apara diminuir a rejeição a Haddad junto aos
evangélicos. Ela o fez num momento em que o ministro Gilberto Carvalho
(secretário-geral da Presidência) afirmou que os petistas deveriam
disputar eleitores com os evangélicos, enfrentá-los mesmo. Houve
mal-estar. A operação Crivella, em São Paulo, não deu tão certo assim. A
Igreja Universal, por intermédio de seu partido, o PRB, sustentou a
candidatura de Russomanno, e, por enquanto, ele tem tirado votos dos
petistas na periferia. Seus obreiros estão encarregados de lembrar
algumas das “obras” do ex-ministro da Educação — o kit gay é uma delas.
Agora
Dilma faz uma segunda concessão à operação Haddad. Lula esmagou Marta em
São Paulo. Tirou-a da disputa na base da brutalidade. Chamou os
apoiadores de sua candidatura — que reunia a maioria do PT na cidade — e
deu uma ordem: “o candidato é outro”. A senadora foi tratada como velha
e ultrapassada. Ela ficou brava e resistiu a entrar na campanha.
Finalmente, topou gravar mensagens de apoio ao candidato petista e andou
chutando a canela de Serra — afinal, é só o que interessa — e ganhou,
de presente, o Ministério da Cultura. Vamos ver se saberá se comportar
com o devido decoro, agora que tem um cargo no Executivo e que é
ministra de todos os brasileiros — também dos não petistas.
PS – Ah,
sim: se vocês procurarem nos arquivos, encontrarão alguns textos
antevendo o fiasco que seria Ana de Hollanda no Ministério da Cultura.
Estava escrito nas estrelas — quero dizer, na estrela.
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