quarta-feira, 12 de setembro de 2012

EUA evitam especular, mas veem 'ataque complexo' em Benghazi


Autoridades americanas diferem ataque em Benghazi de incidente 'mais espontâneo' no Cairo

12 de setembro de 2012 | 19h 34

Reuters
WASHINGTON - A invasão do consulado norte-americano em Benghazi, na Líbia, que resultou na morte do embaixador dos EUA no país, foi "claramente um ataque complexo", disse um alto funcionário em Washington, evitando no entanto especular sobre a identidade dos agressores.
Bandeira americana entre os destroços do consulado americano em Benghazi - Esam Al-Fetori/Reuters
Esam Al-Fetori/Reuters
Bandeira americana entre os destroços do consulado americano em Benghazi
Essa fonte disse, nesta quart-feira, 12, que os EUA -inclusive o FBI, polícia federal norte-americana- vão colaborar com autoridades líbias na investigação do incidente, mas que é cedo para discutir quem foram os responsáveis ou quais seriam suas ligações fora da Líbia.
Outras fontes oficiais, no entanto, sugeriram que o ataque pode ter sido minuciosamente planejado, e que o protesto contra um filme anti-islâmico teria sido uma mera fachada para desviar as atenções.
Segundo essas fontes, as suspeitas até agora recaem sobre o grupo Ansar al Sharia (Defensores da Lei Islâmica), mas a organização militante regional Al Qaeda do Magreb Islâmico também pode ter envolvimento.
Além do embaixador Christopher Stevens, outros três funcionários diplomáticos dos EUA morreram no ataque, inicialmente visto como um protesto contra um filme produzido nos EUA que, segundo alguns muçulmanos, ofende a figura do profeta Maomé.
No mesmo dia do ataque em Benghazi, manifestantes escalaram o muro da embaixada dos EUA no Cairo, onde rasgaram e queimaram uma bandeira.
Os funcionários norte-americanos que comentaram o caso -tanto os que apontaram suspeitos quanto o que evitou especulações- pediram anonimato, por se tratar de uma investigação em aberto.
11 DE SETEMBRO
As fontes da Reuters também alertaram contra qualquer suposição de que as manifestações em Benghazi e no Cairo tenham sido programadas para coincidir com o 11º. aniversário dos atentados islâmicos de 11 de setembro de 2001 nos EUA.
Autoridades europeias e norte-americanas disseram que, ao contrário do ataque em Benghazi, o incidente no Cairo parece ter sido mais espontâneo. Fontes governamentais observaram também que a Líbia está mais propensa a ações desse tipo, por causa do grande número de armas que circula no país depois dos saques a arsenais militares na época em que o regime de Muammar Gaddafi foi deposto, no ano passado.
Além do embaixador Stevens, um agente consular chamado Sean Smith e dois outros funcionários ainda não identificados foram mortos na invasão de homens armados no consulado de Benghazi e numa casa de proteção dos EUA na mesma cidade.
A Fundação Quilliam, dirigida em Londres por um ex-líder militante líbio, sugeriu na própria terça-feira que o "bem planejado" ataque de Benghazi pode ter sido uma retaliação pela morte, ocorrida neste ano, de um dirigente líbio da Al Qaeda, Abu Yahya al Libi, abatido por um bombardeio norte-americano no Paquistão.
Horas antes do ataque ao consulado, o dirigente máximo da Al Qaeda, Ayman al Zawahiri, divulgou um vídeo confirmando a morte de Al Libi, segundo homem na estrutura da organização.
O presidente da Fundação Quilliam, Noman Benotman, ex-líder da facção antigaddafista Grupo Líbio de Combate Islâmico, disse que, segundo suas fontes, até 20 militantes teriam se preparado para uma ofensiva militar.
Ele disse que a ação ocorreu em duas etapas: primeiro, com uma ação contra o consulado, o que motivou as autoridades diplomáticas a retirarem seu pessoal para uma casa supostamente protegida, onde o segundo ataque ocorreu.

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