segunda-feira, 17 de setembro de 2012

Redefinindo Guevara: “Che”, o açougueiro



chekillerA foto de um sisudo “Che” Guevara tirada por Alberto Korda em 1960 é uma das imagens mais reproduzidas no planeta: ela aparece em pôsteres, bandeiras, cartões postais, camisetas e até biquínis. Lamentavelmente, a ubiquidade das imagens de “Che” – atualmente saudado com maior frequência apenas pelo seu primeiro nome – demonstra o fracasso quase total em educar as pessoas sobre a sangrenta crueldade que de fato ele representou.
Ainda bem que, mesmo assim, ainda há limites para o uso da famosa imagem de “Che” – se as pessoas reclamarem. Um recente email enviado pela Environmental Protection Agency [Agência de Proteção Ambiental] para comemorar o Mês da Herança Hispânica incluiu a famosa fotografia tirada por Korda junto do slogan “Hasta la victoria siempre”. Após enfrentar críticas, a EPA [Environmental Protection Agency] afirmou que o email foi “redigido e enviado por um único funcionário e sem a permissão oficial”.
Mesmo assim, é inquietante ver a imagem de “Che” sendo circulada por uma agência do governo que tem a notória reputação de violar os direitos de propriedade e de impor controles arbitrários sobre o desenvolvimento. No último mês de março, a Suprema Corte dos EUA decidiu unanimemente que um casal de Idaho, que pretendia realizar construções sobre a própria terra, teve seus direitos violados quando a EPA impôs taxas de US$ 75 mil por dia sem dar a chance do casal recorrer.
Também neste ano, Al Armendariz, administrador regional da EPA, foi compelido a pedir demissão após descrever sua filosofia prática em um discurso: “Procure pessoas que não estão reclamando da lei, acerte-as o mais forte que você puder e faça delas um exemplo”. Ele comparou essa tática à usada pelos antigos soldados romanos: “Os romanos costumavam conquistar pequenas vilas no Mediterrâneo. Eles iam à uma pequena cidade turca qualquer, pegavam os primeiros cinco caras que viam e os crucificavam. Após isso constatava-se que a cidade tornava-se fácil de controlar pelo menos nos cinco anos seguintes”.
Esse modus operandi é muito parecido com o de “Che”. Após Fidel Castro tomar o poder em 1959, “Che” foi fundamental para a criação dos campos de trabalho forçado destinado aos dissidentes, homossexuais e católicos devotos. Ele foi encarregado da prisão La Cabaña por cinco meses. Existem vários relatos sobre a quantidade de pessoas executadas sob seu comando durante esse tempo e vários outros relatos sobre assassinatos atribuídos diretamente a ele. Algumas fontes dizem que mais de 100 jornalistas, empresários e seguidores do regime anterior foram fuzilados em La Cabaña sob a jurisdição de “Che”.
A violência estava no âmago da filosofia de “Che”. Pouco tempo antes de sua morte pelas mãos das tropas bolivianas em 1967, ele escreveu a “Mensagem à Tricontinental”. Nesse ensaio ele defendeu o uso efetivo do ódio violento:
O ódio é um fator de luta; O implacável ódio ao inimigo impulsiona para além das limitações naturais do ser humano e o transforma em uma efetiva, violenta, seletiva e fria máquina de matar. É assim que nossos soldados devem ser; um povo sem ódio não pode aniquilar um inimigo brutal.

Uma década antes, quando assassinara Eutimio Guerra, “Che” deixou anotado em seu diário: “Dei fim ao problema com uma pistola calibre 32, posicionada no lado direito do cérebro dele... Os pertences dele agora são meus.”
Além disso, a violência de “Che” não era apenas direcionada aos cubanos. O autor Humberto Fontova afirma que há evidências de que Guevara – que também era o principal cabo dos esforços revolucionários de Castro nos países estrangeiros – esteve envolvido em um plano terrorista programado para novembro de 1962. O plano consistia em explodir mais de 500 kg de dinamite nas lojas Macy, Gimbels, Bloomingdale e também na Grand Station no dia de Ação de Graças – dia esse que representava o dia de maior movimento comercial daqueles anos. Se tal ato se concretizasse, seria algo comparável ao 11 de setembro em termos de destruição. Dificilmente pode se dizer que esse é um homem que merece ser honrado como herói nas camisetas.
A administração obamista merece créditos por se distanciar do flerte da EPA com “Che”. Mas os acólitos de Obama nem sempre tiveram essa sensibilidade. Durante a campanha de 2008, um canal de TV de Houston mostrou imagens do interior de um comitê de campanha de Obama que tinha uma grande bandeira cubana pregada na parede com a imagem de “Che” estampada.
A porta-voz do comitê de Obama que conversou com a rede de TV, por repetidas vezes disse que as perguntas acerca da bandeira cubana eram “distração” e “perda de tempo”; “Não tenho tempo para falar sobre a bandeira cubana” ou de “Che”, especificamente.
Mas agora é hora de começarmos a falar de Che. Ele pode ter morrido 45 anos atrás, mas sua perniciosa filosofia ainda está em debate na América Latina. Por um lado, até mesmo os de esquerda, como Rory Carroll, correspondente na América Latina do britânico Guardian, reconheceu que o modelo cubano teria sido um “debacle” se fosse exportado para outros países. “Para desafiar o império americano, ‘Che’ sonhou em criar 'vários Vietnãs', não apenas em sua pátria argentina”, escreveu Carroll. “Quem hoje em dia pode seriamente ter desejado que ele conseguisse?... Quem precisa de ‘Che’?”
Enquanto o patente comunismo não está em marcha na América Latina, o jeito de pensar de Che é predominante nos líderes autoritários anti-americanos que hoje governam a Venezuela, Equador, Bolívia e Nicarágua. (N. do E.O articulista não sabe o que está se passando na América Latina).“Che” é muito mais que uma imagem em uma camisa para os líderes desses países: ele é uma inspiração de como tomar e manter o poder. É por essa razão que devemos fazer pressão todas as vezes que se colocar a imagem de “Che”. Se as pessoas vestissem camisetas com imagens dos açougueiros nazistas, a maior parte de nós não deixaria isso passar sem comentar. A mesma atitude deve ser aplicada ao caso de “Che”, seja com sua imagem aparecendo em camisetas nos campi das universidades ou nos emails da EPA.

Publicado na National Review Online.
Tradução: Leonildo Trombela Júnior


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