sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

Conflito em reserva vai além da questão indígena


Combinação de interesses de garimpeiros, madeireiros e também dos índios transforma em 'barril de pólvora' região com embates no sul do Amazonas

12 de janeiro de 2014 | 2h 00


JOSÉ MARIA TOMAZELA , ENVIADO ESPECIAL - O Estado de S.Paulo
HUMAITÁ (AM) - A combinação de garimpos, madeireiras e reservas indígenas com a quase ausência do Estado transformam a região sul do Estado do Amazonas numa área de conflitos. Em 25 de dezembro, revoltada com o desaparecimento de três homens numa área indígena da Transamazônica, uma multidão queimou veículos, barcos e instalações de atendimento ao índio em Humaitá, a 675 km de Manaus. Madeireiros se armam no distrito de Santo Antônio do Matupi, vizinho da Terra Indígena Tenharim Marmelos, depois que os índios anunciaram que vão reconstruir pedágios incendiados.
Os indígenas se preparam para reagir caso haja novo ataque. "Estamos lidando com um barril de pólvora", disse o prefeito de Humaitá, Cidenei Lobo do Nascimento (PMDB). Cerca de 600 guerreiros tenharins, parintintins e jiahuis estão prontos para o confronto. "Da outra vez não reagimos para evitar sangue, mas índio não tem medo e, se tiver um ataque, nossa reação vai ficar para a história", afirmou Aurélio Tenharim, na presença do comandante militar da Amazônia, general Eduardo Villas Bôas. Segundo ele, os índios vão se defender com arcos, flechas e tacapes, mas o serviço de inteligência do Exército apurou que eles também têm armas de fogo.
O pedágio é pano de fundo de um explosivo conjunto de interesses. O distrito de Santo Antônio do Matupi, em Manicoré, ao lado da reserva dos tenharins, tem a maior concentração de serrarias do Estado. Além das 36 madeireiras legalizadas, há dezenas clandestinas. A terra indígena guarda imenso depósito natural de madeira nobre. Para o bispo de Humaitá, d. Francisco Merkel, os madeireiros estão no centro de uma campanha contra os índios porque querem a madeira da reserva. "Isso teve peso na revolta, pois muitos aproveitaram a situação dos desaparecidos para colocar à frente interesses econômicos."
Os índios acusam os madeireiros de furtar madeira da reserva. De acordo com o cacique Zelito Tenharim, eles abriram cinco estradas vicinais para entrar na área protegida a partir do km 180 da Transamazônica. "Toda madeira que está saindo do Matupi é da reserva. O Ibama fiscaliza nós (sic), mas não fiscaliza o madeireiro", disse o cacique ao general Villas Bôas.
Madeireiros do distrito integravam o grupo que, após o primeiro conflito, no dia 27 de dezembro, invadiu a reserva e incendiou os postos de pedágio dos índios. O presidente da Associação dos Madeireiros de Matupi, Samuel Martins, repudiou a acusação dos índios e disse que a madeira provém de áreas de manejo florestal.
Fiscalização. O Ibama não dispõe de efetivo e frota para manter uma fiscalização eficiente. A sede do órgão em Humaitá, que guarda pilhas de madeira apreendida, fica sem segurança à noite. Das oito viaturas, cinco estavam em manutenção ou conserto. E dos quatro servidores, apenas um está apto a fiscalizar.
Os minérios também são alvo de disputas. Os índios estão sobre grandes jazidas de cassiterita, mas o que atrai mineradores e garimpeiros são ouro e diamante. Aventureiros já tentaram abrir garimpos no Rio Marmelo, no coração da reserva. Dos seis garimpos em operação no Amazonas, dois estão na região.
Na presença do general Villas Boas, os índios usaram a defesa desse território como argumento para manter o pedágio na Transamazônica. "O pedágio é o único que não dá trabalho para o governo brasileiro. Suspender a cobrança é perigoso, pois os tenharins podem se aliar com os empresários, e aí vai embora madeira e vai ter garimpo. Nós sabemos onde tem ouro e diamante aqui e não queremos fazer isso, mas, na necessidade, pode acontecer. Eu não vou conseguir segurar meu povo", disse o cacique Zelito Tenharim.

Aldeias declaram estado de guerra em protesto contra a prisão de indígenas



Presos foram acusados de matar três homens em dezembro do ano passado no sul do Amazonas

31 de janeiro de 2014 | 16h 04José Maria Tomazela - O Estado de S. Paulo
Indígenas de várias aldeias das etnias tenharim e juiahui declararam-se em estado de guerra em protesto contra a prisão de cinco indígenas da etnia tenharim na quinta-feira, 30. As lideranças alegam que os índios são inocentes.
Os presos foram acusados de matar os três homens que desapareceram na rodovia Transamazônica, no dia 16 de dezembro do ano passado em Humaitá, no sul do Amazonas. Os índios, entre eles dois filhos do cacique Ivan Tenharim, tiveram a prisão preventiva decretada pela Justiça Federal por trinta dias e foram levados para a superintendência da Polícia Federal em Porto Velho (RO).
A suspeita da polícia é que os três desaparecidos - o professor Stef Pinheiro, o representante comercial Luciano Freire e o técnico Aldeney Salvador - foram mortos em retaliação à morte do cacique. De acordo com o delegado Alexandre Alves, peças de um carro encontradas na reserva e depoimentos de várias testemunhas indicam que os homens foram sequestrados e assassinados pelos índios.
A força-tarefa, com integrantes do Exército, Polícia Federal e Polícia Rodoviária Federal permanece em alerta na região e controla a Transamazônica no trecho que corta a reserva. O serviço de balsa no rio Madeira, suspenso na quinta-feira, foi retomado na manhã desta sexta-feira.

quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

Morre quinta vítima de queda de passarela no Rio




Luis Carlos Guimarães, de 70 anos, estava em um Palio que foi esmagado pela estrutura

29 de janeiro de 2014 | 10h 54

Thaise Constancio - O Estado de S. Paulo
Atualizado às 11h45
Jairo Zenaide, de 43 anos, permanece internado no Hospital Federal de Bonsucesso - Marcos de Paula/Estadão
Marcos de Paula/Estadão
Jairo Zenaide, de 43 anos, permanece internado no Hospital Federal de Bonsucesso
RIO - Passageiro do Palio que foi atingido pela passarela que desabou nessa terça-feira, 28, na Linha Amarela (zona norte do Rio), Luis Carlos Guimarães, de 70 anos, morreu na manhã desta quarta-feira, 29, em decorrência de traumatismo craniano, edema cerebral e fratura nos arcos costais.
A vítima estava internada no Hospital Municipal Salgado Filho, no Meier (zona norte). Guimarães é o quinto morto após o acidente. Jairo Zenaide, de 43 anos, permanece internado no Hospital Federal de Bonsucesso em estado grave.
Investigações. O delegado responsável pelo caso, Fábio Asty, disse que o motorista Luis Fernando Costa, de 30 anos, que será indiciado por quatro homicídios culposos (sem intenção). Asty conversará com a imprensa na tarde desta quarta-feira, 29.
Até o momento, há três hipóteses de investigação: Costa falava ao telefone na hora do acidente, teria levantado a caçamba para esconder a placa do caminhão ou o equipamento sofreu uma falha mecânica.
A queda da estrutura esmagou dois veículos e lançou pessoas que passavam sobre ela no córrego. A Linha Amarela, uma das princiapais artérias da cidade, ficou completamente bloqueada.
A queda de uma passarela na Linha Amarela, zona norte do Rio, deixou quatro mortosMarcos de Paula/Estadão

Juiz julga inconstitucional proibição da maconha e absolve traficante






Magistrado considerou incompleta a portaria ministerial que indica quais substâncias são consideradas entorpecentes, entre elas o THC, encontrado na folha da erva
29 de janeiro de 2014 | 12h 04


Luciano Bottini Filho - O Estado de S. Paulo


SÃO PAULO - Em decisão inédita, o juiz Frederico Ernesto Cardoso Maciel, do Distrito Federal, absolveu um homem flagrado traficando 52 trouxas de maconha por considerar inconstitucional a proibição dessa droga. A sentença foi dada em outubro do ano passado, mas o caso ganhou repercussão na comunidade jurídica no último dia 16, quando o Tribunal de Justiça do Distrito Federal colocou a ação em pauta para analisar a apelação do Ministério Público. Ainda não há data para o novo julgamento.

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Epitacio Pessoa/ Estadão
Rapaz fuma durante Marcha da Maconha na Avenida Paulista em 2013

Maciel partiu do princípio de que a Lei de Drogas, de 2006, não listou quais entorpecentes são ilícitos e deixou para o Ministério da Saúde (MS) a competência para fazer essa relação. O magistrado considerou incompleta a portaria ministerial de 1998 que indica quais substâncias são consideradas entorpecentes, entre elas o tetraidrocarbinol (THC) encontrado na folha da maconha. Para ele, o ministério deveria justificar porque incluiu o princípio ativo da erva em seu rol. Segundo Maciel, o órgão precisaria justificar a escolha da substâncias da lista F da portaria, que inclui o THC.

"A Portaria 344/98, indubitavelmente um ato administrativo que restringe direitos, carece de qualquer motivação por parte do Estado e não justifica os motivos pelos quais incluem a restrição de uso e comércio de várias substâncias, em especial algumas contidas na lista F, como o THC, o que, de plano, demonstra a ilegalidade do ato administrativo", afirmou o juiz, na sentença.

"Soa incoerente o fato de outras substâncias entorpecentes, como o álcool e o tabaco, serem não só permitidas e vendidas, gerando milhões de lucro para os empresários dos ramos, mas consumidas e adoradas pela população, o que demonstra também que a proibição de outras substâncias entorpecentes recreativas, como o THC, são fruto de uma cultura atrasada e de política equivocada e violam o princípio da igualdade, restringindo o direito de uma grande parte da população de utilizar outras substâncias", continua.

O Ministério Público denunciou o réu, Marcus Vinicius Pereira Borges, porque foi flagrado em 30 de maio com 52 trouxas de maconha com peso de 46,15 g ao entrar no Complexo Penitenciário da Papuda, no DF, quando foi fazer um visita a um detento. A substância estava dentro do seu estômago.

"Isso abriu um precedente para discutir a legalidade da maconha. Eu achei a decisão muito bonita e muita fundamentada. Ele sabe o que está falando", diz o advogado do acusado, Jurandir Soares de Carvalho Júnior.

Obama promete agir sem aval do Congresso




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O presidente americano Barack Obama ameaçou dar passos "sem o Legislativo", caso sua agenda do segundo mandato continue paralisada no Congresso, onde não tem maioria na Câmara.
Em tom assertivo, ele disse que assinará mais "ordens executivas" (equivalente às medidas provisórias no Brasil) para destravar projetos paralisados, ainda que vários analistas considerem essas ferramentas limitadas.
Foi na noite de terça (madrugada de quarta em Brasília), durante o mais importante discurso presidencial do ano, o do "Estado da União", quando os presidentes americanos apresentam suas prioridades e propostas legislativas, com o Congresso repleto, diante de senadores, deputados, todos os ministros e juízes da Corte Suprema.
Larry Downing/AFP
Obama faz o tradicional discurso do Estado da União, no qual apresenta prioridades para o ano
Obama faz o tradicional discurso do Estado da União, no qual apresenta prioridades para o ano
Mas boa parte da agenda e das promessas foram as mesmas do ano passado, o que deu um ar de repetição ao discurso. Projetos como a reforma imigratória, o aumento do salário mínimo e o controle da venda de armas, já apresentados no discurso do ano passado, foram engavetados na Câmara.
Parte do discurso focou o crescimento da desigualdade no país –enquanto o controle de armas foi reduzido a um parágrafo do discurso. O presidente afirmou que, depois de quatro anos de crescimento econômico, "lucros corporativos e o valor das ações na Bolsa raramente estiveram tão altos, e aqueles no topo nunca se deram tão bem. Mas os salários médios mal se mexeram. A desigualdade se aprofundou. A ascensão social está paralisada".
Foi quando ele falou de como pretende trabalhar com o Congresso. "Vamos fazer deste um ano de ação. Ofereço propostas concretas e práticas para acelerar o crescimento, algumas das quais exigem a ação do Congresso. Mas onde e quando eu puder dar passos sem o Legislativo para expandir as oportunidades para mais famílias, é isso que irei fazer", discursou.
Em sua fala, Obama também admitiu que, mesmo com a recuperação econômica, com "o menor desemprego em cinco anos" e a "maior produção de petróleo em casa por 20 anos", "muitos americanos estão trabalhando mais que nunca para sobreviver, e muitos nem têm trabalho".
Obama amarga os piores índices de popularidade em 5 anos de mandato e enfrenta eleições legislativas em novembro, onde o governo deve continuar em minoria na Câmara, mas ainda corre o risco de perder a atual maioria no Senado.
Diversos convidados do presidente, de uma mãe desempregada a um dono de uma pizzaria que aumentou o salário de seus funcionários, serviram de "personagens" presentes ao discurso de Obama.
Ele deixou a política externa para o final. Houve apenas uma rápida referência às Américas (sem citar um único país da América Latina), dizendo que "novos laços de comércio estão sendo construídos, junto com mais intercâmbios educativos e culturais entre nossos jovens".
O Oriente Médio dominou essa parte do discurso. Comemorou a retirada das tropas americanas do Iraque (sem citar o caos atual no país) e a redução da presença militar no Afeganistão. E disse que foi a "diplomacia" que colocou o Irã na mesa de negociação para limitar seu programa nuclear e que fez a Síria entregar seus armas químicas.
Obama prometeu vetar novas sanções contra o Irã, caso o Congresso aprove um projeto nesse sentido. "Temos que dar uma chance à diplomacia", discursou.
Disse que esperava que o Congresso "finalmente aprove o fechamento da prisão de Guantanamo". E homenageou um sargento gravemente ferido no Afeganistão. A revisão da espionagem da NSA, que passará pelo Congresso, também foi citada rapidamente, "respeitando a privacidade de americanos e cidadãos do mundo".
Obama defendeu seu plano de saúde, citando milhões que agora terão cobertura, sem citar o lançamento desastrado do portal do sistema. E disse para a oposição, que ainda sonha cancelar o plano, "não ficar lutando velhas batalhas".
O discurso se transformou numa enorme operação de marketing para os dois lados. Vários membros do governo Obama debateram nas redes sociais os temas do discurso, enquanto a oposição lançou três respostas televisionadas contra as propostas do presidente: uma do Partido Republicano, outra do movimento ultraconservador Tea Party e uma republicana em espanhol.
Obama fez referências elogiosas a dois de seus maiores opositores, o presidente da Câmara, John Boehner, e ao senador Marco Rubio, em uma rara manifestação pública suprapartidária no atual ambiente polarizado de Washington. O presidente é normalmente acusado de não se esforçar em dialogar com a oposição.
No ano passado, o discurso foi visto por 33 milhões de telespectadores –número digno de finais de campeonatos esportivos e bastante acima das séries e seriados mais populares da TV americana. 

PSDB aciona Procuradoria-Geral da República por viagem de Dilma a Lisboa





Para lider do partido na Câmara, deputado Carlos Sampaio (SP), parada da comitiva em Portugal foi 'um ato de deleite privado pago com o dinheiro dos impostos que sustentam o patrimônio público'

28 de janeiro de 2014 | 14h 09

Ricardo Della Coletta - Agência Estado
Brasília - O PSDB na Câmara dos Deputados protocolou nesta terça-feira, 28, representações contra a presidente Dilma Rousseff na Procuradoria-Geral da República e no Conselho de Ética da Presidência em razão da passagem de sua comitiva por Lisboa, no último sábado, mesmo sem compromissos oficiais. Nos documentos, o líder do partido na Casa, Carlos Sampaio (SP), argumenta que a permanência de Dilma e de seus ministros e assessores na capital portuguesa não teve "nenhum interesse público" e pode ter sido "um ato de deleite privado pago com o dinheiro dos impostos que sustentam o patrimônio público". Os tucanos pedem que a PGR apure se Dilma cometeu ato de improbidade administrativa e de crime contra a administração pública.
Em Lisboa, Dilma Rousseff acompanhou-se de uma pequena comitiva - Expresso/Estadão
Expresso/Estadão
Em Lisboa, Dilma Rousseff acompanhou-se de uma pequena comitiva
O Estado revelou, no fim de semana, que a presidente, após ter participado do Fórum Econômico Mundial, na Suíça, passou o último sábado, 25, em Lisboa, antes de prosseguir viagem no dia seguinte para inaugurar um porto erguido com financiamento brasileiro em Cuba. A comitiva presidencial ocupou 45 quartos em Portugal, a um custo estimado de R$ 70 mil, sendo que a suíte ocupada por Dilma tem preço tabelado equivalente a R$ 26 mil.
A escala por Portugal não foi divulgada inicialmente pelo Palácio do Planalto, que só se manifestou após a notícia ter vindo a público. A justificativa do governo é que a parada em Lisboa foi "uma escala técnica obrigatória". O ministro das Relações Exteriores, Luiz Alberto Figueiredo Machado, chegou a afirmar na segunda-feira, 27, que a decisão só foi tomada "no dia da partida" da Suíça, no sábado passado. O Estado revelou nesta terça, no entanto, que o governo português foi comunicado da pernoite de Dilma no país dois dias antes, na quinta-feira (23).
"Diante disso, a se confirmarem essas informações, a Presidente da República não apenas fez uma escala injustificada em Lisboa, mas deliberou por transformar essa escala ociosa em uma alucinante cena de ostentação supérflua custeada pela pelo patrimônio público brasileiro", escreve Sampaio na representação.
O pedido de investigação por suposto ato de improbidade administrativa encaminhado à PGR também é estendido aos ministros do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Fernando Pimentel, e das Relações Exteriores, Luiz Alberto Figueiredo Machado; ao assessor especial da Presidência da República para Assuntos Internacionais, Marco Aurélio Garcia, à ministra-chefe da Secretaria de Comunicação, Helena Chagas, ao ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional, José Elito, e ao comandante da Aeronáutica, Juniti Saito. Os tucanos também requerem que o procurador-geral, Rodrigo Janot, analise se houve crime de falsidade ideológica praticado pela ministra Helena Chagas.
Comissão de Ética. O líder tucano também protocolou nesta terça representação contra Dilma na Comissão de Ética da Presidência da República, na qual indica que a passagem da presidente por Portugal pode ter infringido o Código de Conduta da Alta Administração Federal, que estabelece "regras éticas de conduta das autoridades da alta Administração Pública Federal". Na representação, Carlos Sampaio também pede a avaliação dos procedimentos a serem adotados e o envio de sugestões, à presidente, "de aprimoramento do Código de Conduta".

Koenigsegg terá carro mais rápido do mundo






Superesportivo chega aos 450 km/h e pode passar o Bugatti Veyron

Koenigsegg One:1 estará exposto no estande da marca em Genebra - Reprodução
Reprodução
Koenigsegg One:1 estará exposto no estande da marca em Genebra
O reinado do Bugatti Veyron como carro mais rápido da história pode estar ameaçado. A Koenigsegg confirmou a exibição do One:1 no Salão de Genebra, na Suíça, em março.
Equipado com um V8 5.0 biturbo de 1.400 cv, o superesportivo tem 1.400 kg, o que significa uma relação de um quilo por cavalo. Esse motor é o mesmo usado no Agera S, mas rende menos nele: 1.140 cv. 
De acordo com os engenheiros da marca, o modelo vai de 0 a 400 km/h em 20 segundos e é capaz de atingir a velocidade máxima de 450 km/h - o Veyron Super Sport World Record Edition chega "somente" aos 415 km/h.  Apenas seis unidades do One:1 foram produzidas pela montadora sueca, e todas já foram vendidas. 

Eu tenho a força





Heitor Scalambrini Costa
Professor da Universidade Federal de Pernambuco


Crianças de uma geração não muito distante habituaram-se a assistir a um desenho animado onde o herói tinha um grito de guerra: “Eu tenho a força”. Lembrei-me disso neste inicio de 2014, lendo o editorial de um jornal de grande circulação em Pernambuco.

No citado editorial, uma vez mais o assunto era a Companhia Energética de Pernambuco – Celpe. Nos últimos anos, essa concessionária de distribuição de energia elétrica no Estado de Pernambuco, tem aparecido constantemente na mídia, mais especificamente nas páginas policiais. Quer como responsável por dezenas de mortes por falta de manutenção em sua rede elétrica aérea quer pela falta de respostas aos consumidores frente à ineficiência dos serviços prestados. O cidadão comum, por sua vez, tem recorrido, com mais e mais frequência, à polícia e ao setor judiciário para reivindicar seus direitos.

No ano 2000, a Celpe foi leiloada (único interessado) e vendida, sob o pretexto de que a privatização era necessária, inexorável, devido às restrições orçamentárias e administrativas do Estado para cumprir com suas obrigações nesse setor estratégico. Alegavam ainda a suposta competência e eficiência da empresa privada em comparação com a empresa de domínio público. Indo de encontro a uma tendência mundial, onde o Canadá e os EUA, p. ex., privatizaram a distribuição de energia elétrica e em seguida a reestatizaram, depois de seguidos (e gigantescos) apagões. E ainda, que a competição (?) do mercado iria provocar uma redução nas tarifas. Triste lorota, que parte da sociedade pernambucana, além de aceitar, apoiou enfaticamente os defensores de tais teses. Políticos foram eleitos e reeleitos, e estão até hoje no topo das preferências do eleitorado. Curta memória a nossa...

A Celpe tem mostrado que não basta pertencer à iniciativa privada para fornecer com qualidade e eficiência um serviço publico de extrema necessidade à população, que é o fornecimento da energia elétrica. Por outro lado, mesmo diante de tanta ineficiência e falta de investimentos, a Celpe continua i-na-ba-lá-velin-to-cá-vel. Constatando-se que tem mesmo muita “força”, diante dos péssimos serviços prestados; mesmo com fragrante desrespeito ao contrato de concessão (previsto até 2030), e a Lei 8987/1995 que dispõe sobre o regime de concessão e permissão da prestação de serviços públicos. E ninguém, absolutamente nenhum órgão ou Poder Público, faz qualquer coisa, tornando-se assim cúmplice. Com certeza, tal “força” não vem do castelo de Grayskull.

A “força” da Celpe, como responsável direta por tantas mortes, prejuízos materiais, transtornos e insegurança à população pernambucana, e não somente aos moradores da região metropolitana, deve-se às relações promiscuas com os governantes. Enfim, é o poder econômico de sempre, que tudo pode e tudo faz. E, no caso especifico da Celpe, que tudo deixa de fazer.

A nível estadual, quem deveria fiscalizar a distribuição de energia elétrica era a Agência de Regulação de Pernambuco – Arpe (conveniada com a Agência Nacional de Energia Elétrica – Aneel), mas que não faz sua parte. Como autarquia especial, vinculada diretamente ao gabinete do governador, converteu-se em um verdadeiro cabide de empregos, que distribui cargos comissionados sem qualquer participação ou controle social. Completamente desestruturada em termos de pessoal qualificado e de condições materiais para exercer seu papel fiscalizador. Como denunciados anos e anos seguidos pelo Tribunal de Contas do Estado – TCE.

A nível federal, é apurado anualmente o Índice Aneel de Satisfação do Consumidor (IASC). Presta-se à avaliação da qualidade os serviços a partir da percepção dos consumidores residenciais, o que em tese deveria auxiliar as atividades de fiscalização e aperfeiçoamento dos serviços das empresas. Mas infelizmente, ano após ano, tal índice referente à Celpe declina. E nada se faz para mudar essa realidade. Aceita a fiscalização (?) da Arpe. A Aneel não cobra e não pune. É também cúmplice pelo crime de omissão

Bem, até hoje, os Poderes Públicos estadual e federal têm fechado os olhos à (péssima) qualidade dos serviços elétricos oferecidos por essa concessionária, que, como já exposto, não cumpre com sua parte no contrato de concessão. E nada acontece. Ao cidadão indignado resta a pergunta que não quer calar: a quem recorrer? Ao bispo de It(aip)u?

Em 2014, vem pra rua você também. Vamos todos, juntos, buscar a luz no fim desse perverso túnel.

    segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

    Catorze morrem após trator cair de carreta e bater em ônibus na Bahia


    Todas as vítimas, segundo informações da Polícia Rodoviária Federal, estavam no ônibus

    27 de janeiro de 2014 | 11h 49


    iago Décimo - Especial para o Estado
    Pelo menos 14 pessoas morreram em um acidente na manhã desta segunda-feira, 27, na BR-110, envolvendo um ônibus da Viação Gontijo, uma carreta e uma retroescavadeira, entre os municípios de Alagoinhas e Inhambupe, na Bahia, 150 quilômetros ao norte de Salvador. Todas as vítimas, segundo informações da Polícia Rodoviária Federal, estavam no ônibus, que seguia de São Paulo para Paulo Afonso, no extremo norte da Bahia.
    O acidente ocorreu por volta das 6h30 (horário local). Segundo a PRF, a retroescavadeira estava sendo transportada pela carreta, mas se desprendeu da carroceria do veículo em uma curva e caiu na pista, atingindo o ônibus, que seguia no sentido contrário. As 14 vítimas morreram no local. A PRF e o Corpo de Bombeiros seguem no trabalho de socorro aos feridos.
    Ainda não há confirmação do número de feridos e eles estão sendo transportados, em ambulâncias do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), para o Hospital Regional Dantas Bião, em Alagoinhas. Os veículos envolvidos no acidente ainda bloqueiam os dois sentidos da rodovia, causando um engarrafamento que chega a dez quilômetros. A PRF orienta os motoristas a evitar o trecho nas próximas horas.

    Obra de ferrovia no Piauí já consumiu R$ 1 bilhão, parou e vai atrasar 6 anos





    Orçamento da obra saltou de R$ 4,5 bilhões, em 2007, para R$ 7,5 bilhões.
    Transnordestina foi prometida para 2010, mas a nova previsão é para 2016.

    Patrícia AndradeDo G1 PI, em Paulistana
    848 comentários
    Estrutura está abandonada até a retomada dos trabalhos da ferrovia (Foto: Patrícia Andrade/G1)Estrutura da ferrovia no sertão do Piauí está abandonada com paralisação da obra (Foto: Patrícia Andrade/G1)
    As obras da ferrovia Transnordestina no sertão do Piauí, que já consumiram R$ 1,075 bilhão e deveriam ter sido entregues em 2010, estão paralisadas e abandonadas desde setembro de 2013, quando o contrato entre a concessionária Transnordestina Logística S/A (TLSA) e a construtora Odebrecht foi rescindido. O valor investido no trecho piauiense corresponde a mais de dois terços do total de R$ 1,456 bilhão previsto após um recente financiamento complementar feito pelo governo federal.
    G1 visitou trechos da ferrovia em obras nas cidades de Paulistana e Curral Novo do Piauíe não viu trabalhadores ou máquinas em ação. O nome da empreiteira contratada para o trabalho já não consta mais nas placas.
    Ferrovia Transnordestina (Foto: Editoria de Arte/G1)
    Segundo o Ministério dos Transportes, foram executados apenas 42% dos trabalhos de infraestrutura e 35% das obras de arte especiais – pontes e viadutos – nos 420 quilômetros da linha entre as cidades de Eliseu Martins (PI) e Trindade (PE).
    O orçamento total para a construção nos três estados saltou de R$ 4,5 bilhões, em 2007, para R$ 7,5 bilhões, em 2013. O G1 procurou a Transnordestina Logística S.A. por telefone e e-mails entre os meses de novembro e dezembro do ano passado, mas a empresa não detalha o que já foi feito no trecho com o dinheiro. O Tribunal de Contas da União disse que não encontrou irregularidades até o momento.
    A ferrovia começou a ser construída em junho de 2006, no governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e deveria ter ficado pronta quatro anos depois, ao final do mandato. De acordo com o governo federal, o projeto prevê 2.304 quilômetros de ferrovia, beneficiando 81 municípios – 19 no Piauí, 28 no Ceará e 34 em Pernambuco.
    O atraso na conclusão da ferrovia Transnordestina prejudica a expansão do agronegócio e da mineração no Piauí, que vê nesse empreendimento a chance de potencializar o transporte de cargas, escoando grãos e minérios até o mar a custos mais baixos. O estado já tem ferrovias que vão até os portos de Pecém (CE) e Itaqui (MA), mas a Transnordestina ligaria as regiões de agronegócios e de mineração ao porto de Suape (PE).
    Inicialmente, a ferrovia seria construída pelo governo federal, mas por falta de verba e a entraves burocráticos, o projeto foi entregue para a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), que criou a empresa Transnordestina Logística S.A. (TLSA) para ser concessionária da obra. O governo federal então firmou compromisso de garantir financiamentos de bancos e órgãos públicos. Já os estados envolvidos ficaram responsáveis pelas desapropriações.
    A ferrovia Trasnordestina não faz parte do Programa de Investimento em Logística (PIL), criado em agosto de 2012 para destravar gargalos históricos do transporte e aquecer a economia brasileira em meio à crise internacional. A previsão era investir R$ 91 bilhões na construção de 10 mil quilômetros de ferrovias, mas, até agora, nenhum trecho foi leiloado.
    Um dos motivos para o fracasso foi a desconfiança do empresariado em relação aos projetos, principalmente por conta da participação da estatal Valec no negócio. Para reverter o quadro, o governo decidiu terceirizar a produção de projetos para construção de novas ferrovias, que agora serão elaborados pelo setor privado.
    Além disso, o Tribunal de Contas da União (TCU) pediu uma série de correções no projetopara reduzir custos e só aprovou o novo modelo de concessão no fim de 2013. A empresa  vencedora do leilão vai apenas construir, manter e operar as linhas. Toda a capacidade de transporte de carga por esses trilhos será comprada pela Valec. O plano garante livre acesso aos trilhos, o que deve levar a concorrência e queda de preço no transporte de cargas, mas a estatal assume o risco de prejuízo caso a demanda das empresas transportadoras seja menor que o previsto.
    O governo espera fazer o primeiro leilão até março de 2014.
    Atraso de 6 anos
    Segundo o Ministério dos Transportes, greves depois do descumprimento de acordo coletivo relativo ao pagamento de gratificações aos operários, quebra de acordos e atrasos nas desapropriações são alguns dos fatores que contribuíram para o atraso na Transnordestina. AoG1 o ministério disse que o governo não tem qualquer participação ou intervenção nas relações contratuais entre a concessionária e as construtoras que executam a obra, e garantiu que cobra os resultados estabelecidos nos acordos de financiamento e no contrato de concessão, firmado e fiscalizado pela Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT).
    Em nota, a construtora Odebrecht informou que a rescisão com a Transnordestina Logística S.A. foi feita de maneira amigável, mas não disse o que motivou a empreiteira a romper o contrato. A Transnordestina também foi procurada, mas não quis comentar nada sobre o assunto.
    O governo federal afirmou que, após a saída da Odebrecht, a Transnordestina Logística está contratando novas empresas para a retomada das obras. A previsão da concessionária era de reiniciar os trabalhos em dezembro de 2013 e entregar a ferrovia concluída em setembro de 2016, com seis anos de atraso em relação ao prazo inicial e cinco anos além do previsto no cronograma do balanço quadrimestral do PAC 2, divulgado dia 17 de outubro de 2013.
    Ponte da Ferrovia Transnordestina no trecho das obras em Curral Novo do Piauí (Foto: Patrícia Andrade/G1)Ponte está inacabada no trecho da ferrovia próximo
    de Curral Novo do Piauí (Foto: Patrícia Andrade/G1)
    Os benefícios dessa obra são imensos e evidentes"
    Moysés Barjud, presidente da Associação
    dos Produtores de Soja do Piauí (Aprosoja)
    Estruturas estão por quase toda a extensão da obra, que segue paralisada no Piauí (Foto: Patrícia Andrade/G1)Estruturas não instaladas estão espalhadas por
    toda a extensão da obra (Foto: Patrícia Andrade/G1)
    O Piauí se transformará em um mero exportador de matéria-prima. Não teremos nenhum valor agregado com essa obra"
    Avelino Neiva, secretário
    estadual de Transportes do Piauí
    Até o último balanço, o governo ainda via a possibilidade de ter a Transnordestina concluída no fim de 2015. Em setembro, no entanto, o acordo dos acionistas foi renegociado e novas cláusulas foram impostas, depois das discussões entre a Companhia Siderúrgica Nacional e o Ministério dos Transportes.
    O único trecho com possibilidade de ser concluído ainda em 2014, segundo balanço do PAC, fica entre Salgueiro (PE) e Trindade (PE). O pedaço tem 163 km de extensão e está previsto para setembro. Os demais trechos, que somam mais de 90% da extensão total da ferrovia, só vão ficar prontos entre junho e setembro de 2016.
    Atraso para o agronegócio
    Segundo a Secretaria de Desenvolvimento Econômico e Tecnológico (Sedet), a ferrovia vai dobrar o volume de exportações da soja no estado. O atraso na construção e a ausência de um porto no estado são os maiores problemas para o desenvolvimento do agronegócio no Piauí. Entre 2009 e 2011, foram exportados mais de R$ 183 milhões pelo Porto de Itaqui, em São Luís (MA), e R$ 156 milhões pelo Porto de Pecém, em São Gonçalo do Amarante (CE).
    Para o secretário de Desenvolvimento, Warton Santos, a conclusão da ferrovia é esperada com ansiedade pelos setores produtivos. "A ferrovia Transnordestina vai cortar mais de 1 mil km da região dos Cerrados Piauienses, que mais cresce na produção de soja, algodão e milho, além de minérios. Para se ter uma ideia, a mineradora Bemisa, que tem projetos implantados na Bahia, Minas Gerais, Goiás, Pará e Mato Grosso, instalou-se recentemente na região a investiu mais de US$ 5 milhões", afirmou.
    O presidente da Associação dos Produtores de Soja do Piauí (Aprosoja), Moysés Barjud, disse que a Transnordestina possibilitará a redução de custos, já que o transporte rodoviário aconteceria somente até a cidade de Eliseu Martins. No entanto, a associação ainda não tem um cálculo sobre o tamanho da redução, que dependerá do preço do transporte ferroviário até o porto.
    "Os benefícios dessa obra são imensos e evidentes: facilitação da chegada dos insumos agrícolas até as fazendas – o que, indiretamente, gera um incremento tecnológico e produtivo dos empreendimentos agrícolas – e, é claro, no escoamento da produção", afirmou Barjud.
    Apesar de toda a expectativa dos produtores e da Secretaria de Desenvolvimento Econômico e Tecnológico, a ferrovia não é bem vista pelo secretário estadual de Transportes, Avelino Neiva, que chegou a declarar durante a apresentação do Plano de Desenvolvimento Econômico Sustentável (PDES), que aconteceu na última semana de novembro, que a obra é um projeto mal traçado e que não agregará valor nenhum ao estado.
    "O Piauí se transformará em um mero exportador de matéria-prima. Não teremos nenhum valor agregado com essa obra. Poderíamos ter 30% do valor que está sendo investido nela, algo em torno de R$ 2,5 bilhões, para construir 700 km de ferrovia partindo do ponto onde foi iniciada a Transnordestina no Piauí até o Porto de Luís Correia. Dessa forma não iríamos apenas fazer o transporte de produtos, mas agregar valor econômico aqui e gerar riquezas. Se eu tivesse sido ouvido na época do seu traçado, nunca teria aprovado essa obra, mas já é um fato consumado e temos que aprender a viver inteligentemente com isso", declarou.
    Em local das obras, não há trabalhadores sinalizando a paralisação dos trabalhos (Foto: Patrícia Andrade/G1)G1 visitou trechos da obra da ferrovia e não encontrou trabalhadores ou máquinas (Foto: Patrícia Andrade/G1)