terça-feira, 29 de janeiro de 2013

Congresso entra na última semana antes da eleição das mesas diretoras e jogo sujo domina o cenário



Ringue político – Coincidências existem, mas não no mundo da política. E quando o assunto é Brasil, a chance de uma armação ser vendida como coincidência é enorme. Cumprindo o acordo selado com o PMDB, importante legenda da chamada base aliada, o Palácio do Planalto e o PT decidiram apoiar, pelo menos diante de câmeras e microfones, as candidaturas dos peemedebistas Renan Calheiros e Henrique Eduardo Alves (à direita na foto) para as presidências do Senado Federal e da Câmara dos Deputados, respectivamente.
Além do acordo que garantia ao PMDB a presidência de ambas as casa legislativas no próximo biênio, a costura política foi comandada pelo vice-presidente Michel Temer. Com a presidente Dilma Rousseff cada vez mais refém do PDMB, de repente os dois candidatos transformaram-se em alvos de denúncias e investigações.
Henrique Eduardo Alves é acusado de beneficiar uma construtora em seu estado, Rio Grande do Norte, por meio de um assessor, que foi chamado de “batedor de carteira” pelo ex-deputado e ex-ministro Geddel Vieira Lima, do PMDB baiano. A situação de Henrique Alves que já não era confortável, tornou-se ainda pior com o fogo amigo.
A participação do PT no processo para desestabilizar Alves ficou evidente há dias, quando José Dirceu defendeu a candidatura da deputada Rose de Freitas (PMDB-ES), atual vice-presidente da Câmara. Por fora ainda corre o deputado Sandro Mabel, de Goiás, que trocou o Partido da República pelo PMDB. O temor do PT com a chegada ao comando do Congresso dos dois peemedebistas cresce quando entra na avaliação o fato de que o deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) será o líder do partido na Câmara.
No caso de Renan Calheiros a situação é diferente. Há um ruidoso movimento para evitar que o senador alagoano retorne à presidência do Senado, de onde foi ejetado à sombra de um escândalo que misturou relacionamento extraconjugal, com direito a uma filha, e dinheiro de caixa 2. Para justificar o numerário, Renan apresentou notas fiscais frias de venda de gado, cujos preços fizeram cada vaca valer mais que um similar da Índia, onde o animal é considerado sagrado.
O caso foi remetido ao Ministério Público Federal e o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, apresentou denúncia ao Supremo Tribunal Federal, na última sexta-feira (25), contra Renan Calheiros, que continua como candidato favorito à presidência do Senado.
Mesmo com o acordo entre o PT e o PMDB, surpresas na eleição dos presidentes do Senado e da Câmara não devem ser descartadas. Até porque, política é negócio e quem dele participa é adepto do jogo pesado e sujo. Se prevalecer o acordo, o Congresso se transformará em reduto da tolerância e será difícil exigir que o cidadão comum cumpra a lei, se o exemplo que vem de cima aponta na direção contrária.
  


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