quarta-feira, 10 de outubro de 2012

Estudante levou choque de Taser já algemado


Último disparo foi dado quando brasileiro estava imobilizado no chão e controlado por cinco policiais; para família, abordagem foi um ‘caso de tortura’

09 de outubro de 2012 | 23h 12



Jorge Bechara
SYDNEY - O segundo dia do inquérito sobre a morte do estudante brasileiro Roberto Laudisio Curti, de 21 anos, em Sydney,na Austrália, revelou que ele levou um tiro de Taser quando já estava algemado e controlado no chão por cinco policiais.
Policial alegou não saber que jovem estava com algema: ‘As mãos estavam para trás’ - EFE
EFE
Policial alegou não saber que jovem estava com algema: ‘As mãos estavam para trás’
Durante perseguição, Curti foi alvo de 14 tiros da arma de eletrochoque da polícia australiana em 18 de março.
Conhecido como Eric, Chin Aun Lim, o policial que deu o último disparo, seguiria depondo nesta terça-feira, 9, no júri em Sydney. Seu depoimento foi o mais tenso até agora e revoltou parentes de Curti que acompanham o inquérito. Domingos Laudisio, tio do estudante, disse ao Estado que "o que aconteceu foi um caso evidente de tortura".
O policial também deu o tiro pelas costas que derrubou o brasileiro. Seus colegas removeram os arames da Taser das costas do estudante (elas se prendem ao alvo) e o viraram. O último disparo, então, atingiu o peito. Eric alega não saber que Curti estava algemado, já que "as mãos dele estavam atrás do corpo".
O advogado da família surpreendeu ao acusar o policial de errar fatalmente: "Você não precisava dar o segundo tiro, precisava?" Eric foi treinado para usar Taser - indicada apenas contra quem oferece risco - quatro semanas antes da ação.
O cônsul brasileiro em Sydney, André Costa, mostrou-se surpreso com a polícia australiana, mas disse que o governo brasileiro "está satisfeito com o andamento do inquérito".
Policiais envolvidos na morte de Curti começaram a depor "sob exceção" - nada do que dizem pode ser usado contra eles.
O supervisor da polícia local no momento da perseguição, sargento Craig Partridge, repetiu pelo rádio que teria havido um "roubo a mão armada". Ele via a ação por câmeras. Mesmo sendo corrigido três vezes, o sargento prosseguiu e não alertou ninguém. "Estava cansado no fim de um turno de 12 horas de trabalho", justificou.


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