segunda-feira, 3 de setembro de 2012

Filho de líder do PC chinês bate Ferrari e causa novo escândalo


Jornal de Hong Kong diz que comunistas tentaram esconder filiação de jovem morto em acidente

03 de setembro de 2012 | 19h 49



Cláudia Trevisan, correspondente em Pequim
PEQUIM - Um acidente que destroçou uma Ferrari em Pequim há cinco meses deu origem ao mais novo escândalo envolvendo a cúpula do Partido Comunista da China. Segundo reportagem desta segunda-feira, 3, no jornal South China Morning Post, de Hong Kong, o jovem que morreu no choque do carro contra um muro da capital é filho do homem que até sábado desempenhava as funções de chefe de gabinete do presidente Hu Jintao.
Hu Jintao, presidente da China - Diego Azubel/AP
Diego Azubel/AP
Hu Jintao, presidente da China
Cotado para assumir uma das 25 cadeiras do Politburo no Congresso do Partido Comunista em outubro, Ling Jihua, de 55 anos, perdeu o cargo de principal assessor do presidente e ganhou uma posição decorativa na estrutura da organização.
Informações sobre o acidente ocorrido em 18 de março foram bloqueadas pela censura chinesa, o que levou à especulação de que o jovem seminu que estava em seu interior era filho de um dirigente chinês. Além dele, havia duas mulheres na Ferrari - uma nua e outra seminua. Ambas sofreram graves ferimentos e se recuperaram. Citando fontes do Partido Comunista e da imprensa estatal, o South China Morning Post afirma que o jovem morto era Ling Gu, filho do ex-chefe de gabinete de Hu. De acordo com a reportagem, as autoridades de Pequim montaram uma operação para acobertar o acidente e evitar sua ligação à cúpula governante.
A revelação se transformou em uma arma poderosa na luta de facções que consome o Partido Comunista nos meses que antecedem o congresso de outubro, quando a atual geração de líderes passará o bastão. Os que saem de cena, como Hu Jintao, se esforçam para colocar aliados em postos-chave, que possam perpetuar sua influência. E Ling Jihua era um dos candidatos mais próximos ao presidente.
A revelação de que o filho de pouco mais de 20 anos de um líder do Partido Comunista tinha uma Ferrari já seria motivo suficiente para escândalo na China. As circunstâncias do acidente e os esforços para acobertá-lo tornam a situação ainda mais embaraçosa. O acidente ocorreu três dias depois do afastamento de Bo Xilai do cargo de secretário-geral do Partido Comunista em Pequim, no primeiro abalo do processo sucessório. Bo era cotado para assumir uma das nove cadeiras do órgão máximo de comando do país, o Comitê Permanente do Politburo.
Seu filho, Bo Guagua, é outro dos integrantes da elite chinesa com queda por carros de luxo, o que pode ter contribuído para o acobertamento do caso. "Ter dois filhos de altos líderes do partido dirigindo por aí em carros extremamente caros seria demais", disse à agência Bloomberg Joseph Fewsmith, diretor do Centro para Estudos da Ásia da Universidade de Boston.
 

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