sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014

Janot compara atuação de Azeredo à de Dirceu no mensalão




Esquema de desvio de recursos públicos e lavagem de dinheiro em Minas contou com a participação 'direta, efetiva, intensa e decisiva' do deputado, afirma o procurador-geral

07 de fevereiro de 2014 | 19h 33

Ricardo Brito - O Estado de S. Paulo
Brasília - Na manifestação em que pediu a condenação do deputado federal Eduardo Azeredo (PSDB-MG) a 22 anos de prisão, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, comparou a situação do tucano à do ex-ministro-chefe da Casa Civil José Dirceu, condenado no processo do mensalão. Azeredo diz ser "totalmente inocente"no caso.
Janot diz que Azeredo teve "papel preponderante" nos crimes - Dida Sampaio/Estadão
Dida Sampaio/Estadão
Janot diz que Azeredo teve "papel preponderante" nos crimes
O chefe do Ministério Público Federal disse que Azeredo não apenas comandou a atuação de "diversas pessoas", mas também cuidou de se preservar, "nunca se pondo ostensivamente à frente do esquema e permanecendo sempre em segundo plano, em clara tentativa de ocultar sua participação nos delitos".
É neste momento Rodrigo Janot cita trecho da decisão que aplica as penas de José Dirceu no mensalão, comparando a posição de Azeredo no esquema do mensalão mineiro. "As circunstâncias do crime também são desfavoráveis ao réu. Com efeito, enquanto os crimes eram perpetrados por meio da ação visível, sobretudo, dos réus Delúbio Soares e Marcos Valério, José Dirceu permanecia à sombra dos acontecimentos, tentando, assim, esconder sua intensa participação nos delitos", descreve a decisão.
Nas 84 páginas de alegações finais, o procurador-geral disse que o esquema de desvio de recursos públicos do estado de Minas Gerais e de lavagem de dinheiro contou com a participação "direta, efetiva, intensa e decisiva" de Eduardo Azeredo. Para Janot, ao contrário do que a defesa do deputado defende, o tucano teve "papel preponderante" na sua prática, além de ser o "principal beneficiário" dos crimes cometidos.
Ao Supremo Tribunal Federal (STF), o chefe do MPF afirmou que o esquema tinha por objetivo financiar, "de forma criminosa", a campanha à reeleição de Azeredo para o governo de Minas.
Embora apenas o deputado tucano seja réu no STF, Janot disse que o esquema de lavagem de dinheiro utilizado pelo parlamentar foi montado por Marcos Valério, operador do mensalão, os antigos sócios dele e Clésio Andrade, candidato a vice na chapa de Azeredo e que, segundo o Ministério Público, participava na ocasião como sócio da SMP&B, empresa usada para cometimento de crimes.
Em mais uma comparação, Rodrigo Janot disse que o esquema montado por Valério foi reproduzido mais tarde "com algumas diferenças" no caso conhecido como mensalão. Os crimes, lembrou o procurador-geral, somente vieram à tona durante os trabalhos da CPI dos Correios, iniciada em 2005.
Nas alegações finais, o chefe do MPF afirmou que foram lavados R$ 6 milhões na época, o equivalente hoje a R$ 16 milhões com os juros do período. 

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