terça-feira, 18 de junho de 2013

Cláudio Fonteles anuncia saída da Comissão da Verdade

 

PATRÍCIA BRITTO

DE SÃO PAULO
DE BRASÍLIA
Atualizado às 14h18.
O ex-procurador-geral da República Cláudio Fonteles decidiu deixar o cargo de membro da Comissão Nacional da Verdade.
Sua decisão foi comunicada no início da reunião do colegiado que ocorreu ontem, em Brasília.
Segundo um membro que participou da reunião, Fonteles afirmou aos comissionados que deixaria o grupo por "motivos de natureza pessoal".
Os demais membros da comissão teriam pedido para Fonteles reconsiderar sua decisão, mas o ex-procurador afirmou que sua decisão era "irreversível" e deixou uma carta com o pedido de renúncia para ser encaminhado à Presidência.
A Folha não conseguiu localizar Cláudio Fonteles até a publicação desta notícia.
COMISSÃO
Em nota postada na conta do Facebook da Comissão Nacional da Verdade (CNV), a assessoria do grupo afirma que sua atual coordenadora, Rosa Cardoso, lamentou a decisão de Fonteles.
"Fonteles comunicou a decisão aos membros durante a reunião do colegiado na manhã de ontem e entregou um termo por escrito, alegando motivos pessoais para deixar a função. A carta será entregue à presidenta Dilma Roussef", diz a nota.
"Pretendo ficar na comissão até o final dos trabalhos da CNV. Lamento, profundamente, a saída de Claudio e enfatizo que ele não teve, não tem e não terá nenhuma divergência comigo. Gostaria muito que ele continuasse conosco", afirma Rosa na nota.

Alan Marques-30.jul.12/Folhapress
ex-procurador-geral da República Cláudio Fonteles decidiu deixar o cargo de membro da Comissão Nacional da Verdade
O ex-procurador-geral da República, Cláudio Fonteles, decidiu deixar o cargo de membro da Comissão Nacional da Verdade
DIVERGÊNCIAS
A comissão foi criada para investigar crimes de violação de direitos humanos cometidos por agentes da repressão ocorridos entre 1946 e 1988, em especial durante a ditadura militar.
O grupo tomou posse em maio de 2012, com prazo de dois anos, que foi prorrogado e se estenderá até novembro de 2014.
Conforme a Folha mostrou em abril, há divergências internas entre os membros do colegiado sobre a condução dos trabalhos e a divulgação dos resultados já obtidos.
Parte do grupo, liderada por Paulo Sérgio Pinheiro, defende que a comissão deve trabalhar em silêncio e apresentar as conclusões no relatório final, que será divulgado ao fim dos trabalhos, em novembro de 2014.
De outro lado estão Cláudio Fonteles e Rosa Cardoso, atual coordenadora, para quem o grupo também deveria produzir ampla discussão pública sobre a ditadura.
Também integram o colegiado a psicanalista Maria Rita Kehl, o ex-ministro José Carlos Dias, o advogado José Paulo Cavalcanti Filho e o ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ) Gilson Dipp.
Em abril, Dipp sinalizou que deixaria a comissão por motivos de saúde. Ele estava afastado do grupo desde setembro de 2012, quando foi internado para tratar de complicações de uma pneumonia. A falta de consenso sobre um nome para substitui-lo, porém, adiou sua saída, que ainda não ocorreu.

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