Por Pedro Luiz Rodrigues
A Fiat levou um susto com as primeiras manifestações de rua nas principais cidades do País, marcadas por violentos confrontos entre os integrantes das passeatas e a polícia.
Temerosa, quase fez a bobagem de suspender sua excelente campanha publicitária cuja plataforma é “Vem pra rua, porque a rua é a maior arquibancada do Brasil!!”. Depois de alguma hesitação, voltou ontem a ser apresentada nos horários nobres da televisão.
A primeira etapa da campanha – que foi ao ar no dia 8 de maio - contou com a participação do cantor Falcão, do grupo Rappa, interpretando a música que se transformou no hino dos manifestantes, criada pela produtora S de Samba (Simoninha) em parceria com a Leo Burnett. O sucesso da peça é inequívoco, e o site da Fiat no Youtube já conta com cerca de 20 milhões de acessos.
Trata-se aí de um típico caso de que se mirou no que viu, e se acertou no que não viu.
A idéia original foi a de associar a imagem dos veículos produzidos pela referida empresa italiana ao entusiasmo popular que se esperava em torno do esperado empenho da seleção brasileira na Copa das Confederações”.
Mas a mensagem, forte, foi encampanhada pela sociedade que, como estava claro ns cartazes exibidos ontem, manifesta-se não contra a seleção, mas contra o desleixo e o desrespeito como vem sendo tratada pelos políticos e administradores públicos.
Os manifestantes exigem que o governo não seja relapso no combate à inflação (o que deve estar merecendo aplausos em todas as salas do Banco Central).
Os manifestantes querem o fim da corrupção. Não querem saber de obras super-faturadas, de refinarias compradas por preços dez vezes superiores ao valor de mercado.
Os manifestantes querem o fim da impunidade, não suportam ver condenados por corrupção anda por aí, soltos, livres e fagueiros, e alguns insistindo em afrontar a sociedade ao continuarem, mesmo depois de condenados pelo mais elevado tribunal do País, em suas cadeiras de deputados federais.
Os manifestantes querem receber bons serviços públicos. São, portanto, contra a gordura e ineficiência de uma máquina pública corporativista, que pensa muito em direitos e muito pouco em deveres (estão aí as dezenas de ministérios e secretarias de nível ministerial, que em muitos casos só existem para acomodar políticos aliados e garantir um bom salário para gente nem sempre adequadamente qualificada.
O dinheiro que o governo federal, sozinho, gasta com publicidade institucional (aquelas com gente sorrindo, que fala do país em crescimento) pagaria todos os descontos nas passagens de ônibus que, por força das manifestações, serão concedidos com sacrifícios pelos estados e municipalidades.
O resultado das pesquisas de opinião mais recentes devem servir de advertência a nossos governantes. Fariam estes bem em se inspirar em Abraham Lincoln:“Pode-se enganar a todos por algum tempo; pode-se enganar alguns por todo o tempo, mas não se pode enganar a todos todo o tempo!”
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