sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015

PMDB vai ao rádio e à televisão para aplicar mais um “passa-moleque” nos brasileiros










michel_temer_31Tudo combinado – Há dias, no Palácio do Jaburu, residência oficial da Vice-Presidência da República, o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, que teve como anfitrião o peemedebista Michel Temer, tentou convencer os políticos do PMDB sobre a necessidade de se aprovar no Congresso Nacional o projeto que contempla a reforma fiscal. A ministra Kátia Abreu, da Agricultura, que já passeou por várias agremiações políticas, que participou do regabofe na residência de Temer, disse que “se o pacote fiscal é bom para o Brasil, é bom para o PMDB”.
Como sempre acontece quando os grandes veículos midiáticos nacionais querem esconder a verdade para proteger o governo, as falas e as imagens do encontro não foram devidamente analisadas e criticadas. Em primeiro lugar é preciso destacar que o PMDB não se preocupa com o que é bom para o Brasil, mas com o que é ótimo para o partido e seus dirigentes. Haja vista o naipe dos que participaram do encontro com Joaquim Levy, que saiu do Jaburu sem ter a certeza de que o pacote de maldades será aprovado com facilidade no Parlamento.
Do seleto e concorrido jantar na residência oficial de Michel Temer, que fez inveja aos encontros cinematográficos de Al Capone, participaram velhas raposas da política brasileira, que deram palpites de todos os naipes. Considerando que o PMDB há muito faz o papel de noiva interesseira e sempre ameaça abandonar o altar se a bolsa não estiver recheada, essa complacência peemedebista com o projeto de ajuste fiscal do governo não saiu de graça.
Diante de câmeras e microfones, em dado momento, os ilustres (sic) peemedebistas fizeram cara de bravo e cobraram algum tipo de ação positiva do governo petista de Dilma Rousseff, mas nos bastidores o recado foi dado com todas as letras e cifras.
No momento em que um respeitado executivo do mercado financeiro como Joaquim Levy, que aceitou a espinhosa missão de recolocar a economia verde-loura nos trilhos, reúne-se com políticos bisonhos como Renan Calheiros, a única saída é imaginar que há em curso, nos bastidores do poder, alguma negociata escabrosa. Essa interpretação ganhou força com a presença, no encontro, de José Sarney, a velha raposa maranhense, e Henrique Eduardo Alves, ex-presidente da Câmara dos Deputados e candidato derrotado ao governo potiguar, em 2014.
O PMDB tem dado mostras de que dissociar sua imagem da do Partido dos Trabalhadores é seu desejo maior, mas aceitar essa manobra típica de alarifes é passar recibo de inocência. No próximo programa político-partidário, que será levado ao ar nesta quinta-feira (26), o PMDB tenta vender aos brasileiros incautos a ideia de que o partido é um ninho de pureza e candura que abriga somente os mais competentes e ilibados políticos do país. Nessa queda de braços que marco o relacionamento com o PT, o programa peemedebista não faz qualquer menção à presidente Dilma Rousseff.
Que os brasileiros não caiam nessa esparrela peemedebista, pois quem conhece as entranhas da política verde-loura sabe como funciona o balcão de negócios em que se transformou a Esplanada dos Ministérios e o Congresso Nacional. Por lá, nada acontece por acaso ou com boas intenções sem o correspondente dividendo político e o tilintar do vil metal.
O PMDB foi um dos sócios majoritários do PT na roubalheira que derreteu os cofres da Petrobras, mas agora tenta emplacar a tese da inocência plena e da luta por um país melhor e mais justo. Tendo Michel Temer como galã (sic) do programa, o PMDB, sem nominações, defende o trabalho da Polícia Federal e da Justiça no caso da Operação Lava-Jato, mas não convence os que sabem identificar a peçonha que inunda o serpentário político do Brasil.
Vale lembrar que Temer foi alvo da Operação Castelo de Areia, da Polícia Federal, apenas porque seu nome apareceu em contabilidade paralela da construtora Camargo Corrêa, agora encalacrada no escândalo do Petrolão. A Operação Castelo de Areia foi anulada pelo Superior Tribunal de Justiça, mas por conta da Operação Lava-Jato corre o risco de ser ressuscitada.
Em mais um deboche com a marca do PMDB, que chegará aos lares de milhões de pessoas, o ministro de Minas e Energia, Eduardo Braga, ex-governador do Amazonas, fala em “energia com sinergia”. Braga sabe que a grave situação da Petrobras e o colapso que ronda o parque energético brasileiro não permitem falar em sinergia, vernáculo que no mais reles dicionário da língua portuguesa tem como definição “esforço coordenado para a realização de determinada”. De tal modo, o PMDB só pode considerar sinergia a atuação dos políticos do partido quando estão a cobrar o governo nos bastidores.
O pior nesse espetáculo digno de hospício é ver Edinho Araújo falando sobre portos e Helder Barbalho, sobre pesca. Para quem não se recorda, o ministro Helder Barbalho é filho de outro lobo da política nacional, Jader Barbalho, e de Elcione Barbalho. A família Barbalho esteve envolvida em muitos escândalos, dentre os quais o do ranário criado no Pará por Elcione, devidamente e financiado com dinheiro do contribuinte. De acordo com o Ministério Público Federal, Jader recebia uma parcela dos recursos públicos destinados ao empreendimento, que, como sempre acontece nessa república bananeira chamada Brasil, deu em nada. Para finalizar o fiasco, o cidadão terá de ouvir Eliseu Padilha falando de aviação, situação que pro certo fará Alberto Santos Dumont revirar no túmulo. Padilha afirma no programa que o governo investirá a reforma e ampliação de 270 aeroportos em todo o País, mas esquece que Dilma prometeu, ainda no primeiro governo, construir 800 novos aeroportos.
Para finalizar, Renan Calheiros fala sobre sua recondução à presidência do Senado Federal, cargo que, segundo o próprio senador, exige “reflexão, equilíbrio, humildade e também perseverança”. Mas Calheiros não é a pessoa mais indicada para falar sobre os quesitos mencionados, até porque o senador alagoano não refletiu e muito menos apelou ao equilíbrio quando apresentou ao Senado notas frias de venda de vacas sagradas para justificar o dinheiro usado no custeio da ex-amante e de um filho fora do casamento.
Resumindo, não se pode negar a competência do publicitário que redigiu o texto lido de forma obediente pelos caciques peemedebistas diante das câmeras, mas de igual modo é preciso reconhecer que a política brasileira é um intricado caso de polícia. Mesmo assim, com tantos currículos nefastos à disposição, o PMDB continua acreditando que é a suculenta cereja do bolo.



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