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Alça de mira – Nos últimos dias, foi grande a movimentação nos bastidores, em São Paulo, de criminalistas badalados contratados pelas empreiteiras envolvidas no escândalo de corrupção que foi desmontado pela Operação Lava-Jato.
Como a maioria dos criminalistas contratados está à frente de escritórios de advocacia interligados, muitos dos quais seguem as ordens de um conhecido profissional do Direito e que goza de larga influência no governo federal, a tese que está sendo costurada é a da “leniência”. Ou seja, os criminalistas querem levar à Justiça Federal a desculpa esfarrapada de que as empreiteiras foram tolerantes com o ilícito, o proibido. Isso porque é grande o medo dos contratantes diante da possibilidade de, nos próximos dias, uma enxurrada de mandados de prisão sair do gabinete do juiz federal Sérgio Fernando Moro, que preside o inquérito da Lava-Jato.
No depoimento prestado ao juiz Moro, na quarta-feira (8), o ex-diretor da Petrobras, Paulo Roberto Costa, elencou os nomes das empreiteiras e dos respectivos executivos que participavam do esquema criminoso que sangrou os cofres da estatal. De largada, Paulo Roberto mencionou sete grandes empresas do setor da construção civil, que se dedicam a grandes obras: Odebrecht, Camargo Correa, UTC, Andrade Gutierrez, Iesa, Engevix e Mendes Jr.
A Odebrecht, por meio de nota, rechaçou o que chamou de “alegações caluniosas” de Paulo Roberto Costa. Quando o assunto for mais esmiuçado pelas autoridades, a partir das informações decorrentes da deleção premiada, a situação das empreiteiras deve complicar sobremaneira. No caso da Odebrecht há o escândalo da Petroquímica Triunfo, cuja criminosa expropriação, que aconteceu com a anuência de Lula e Dilma Rousseff, passou pela diretoria da Petrobras então comandada por Paulo Roberto Costa.
Doleiro tritura empreiteiras
Já o doleiro Alberto Youssef, que foi rpeso pela Polícia Federal na Operação Lava-Jato e também prestou depoimento ao juiz Sérgio Moro, na quarta-feira, mencionou treze grandes construtoras do País como integrantes de um “cartel” montado para fraudar as licitações da Petrobras, por intermédio da diretoria de Abastecimento, repassar propina a políticos do PT, PMDB e do PP.
O doleiro disse que os diretores das empreiteiras recebiam uma comissão sobre o esquema, que em alguns casos chegava a 5% do valor dos aditivos contratuais. “Era entregue uma lista que iam participar no certame (licitação) e já era dito quem ia ser o vencedor. Era uma lista repassada pelo Paulo Roberto Costa. Logo que iam existir os convites era passada a lista”, detalhou a um dos procuradores da República que atuam na Lava-Jato.
As empresas citadas por Youssef são: Camargo Corrêa, OAS, UTC, Odebrecht, Queiroz Galvão, Toyo Setal, Galvão Engenharia, Andrade Gutierrez, Mendes Júnior, Engevix, Tomé Engenharia, Jaraguá Equipamentos e Engesa. Todas pagaram 1% sobre o valor dos contratos feitos com a diretoria de Abastecimento, além de 2% a 5% nos aditivos contratuais.
“Era maior podia chegar de 2% a 5%, a proporção era a mesma dos repasses”. Youssef explicou no depoimento como se dava a partilha do caixa-2: “Eram 1% de todos contratos: 30% para doutor Paulo Roberto, 60% para agentes políticos, 5% para mim e 5% era para João Claudio Genu (ex-assessor do PP e do deputado José Janene, morto em 2010)”.
Antes de Genu, quem recebia o dinheiro sujo destinado ao Partido Progressista era o então deputado federal José Janene, que ficou conhecido como “Xeique do Mensalão”. Janene foi réu na Ação Penal 470 (Mensalão do PT), da qual foi excluído por ter falecido em 2010 em decorrência de cardiopatia.
Youssef foi incisivo ao afirmar que as empreiteiras Odebrecht e Toyo fizeram pagamentos de comissão no exterior. O doleiro acusou o vice-presidente da Camargo Corrêa e um diretor da empresa de receberem comissão sobre o valor dos contratos fraudados.
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