segunda-feira, 12 de abril de 2010

O "MIDAS" BRASILEIRO

Brasil Acima de Tudo publicou.

Eike Batista - o Midas do Estado FortePDFImprimir
12 de abril de 2010

Por Ipojuca Pontes (*)

Ao contrário do milionário Jay Gatsby, personagem lapidar da obra-prima de Scott Fitzgerald, "O Grande Gatsby" (Editora Record, Rio, 2003), a origem da fortuna de Eike (Fuhrken) Batista, o futuro "homem mais rico do mundo", nada tem de enigmática: ela advém dos proveitosos conhecimentos geólogicos do pai, Eliezer Batista - engenheiro, antigo ministro de Minas e Energia do governo Jango e venerado presidente (por duas décadas) da Cia. Vale do Rio Doce - e das boas graças dos governos, em especial do governo Lula da Silva, sempre omisso, para não dizer permissivo ("entreguista", em tempos outros) na defesa dos ativos e das reservas estratégicas da nação.

Pode parecer estranho, mas, de um modo geral, embora digam o contrário, os governos socialistas adoram tornar os ricos mais ricos (com eles de permeio, claro) - e os pobres mais pobres. A postura não é nova, ultrapassa décadas, talvez séculos. O próprio Lenin, à frente da sua "ditadura do proletariado", pagando juros estratosféricos, ajudou a ampliar as fortunas de banqueiros europeus e da indestrutível família Rockefeller (Ver "Wall Street and the Bolshevik Revolution" - Antony C. Sutton, Arlington House, NY, 1974). Por sua vez, na Alemanha nazi, Adolfo Hitler, outro socialista, expandiu em proporções inimagináveis a riqueza de Gustav Krupp, empresário da indústria siderúrgica voltado para fabricação de armas e material agrícola pesado.

No Brasil, já nos tempos da Velha República, os presidentes Rodrigues Alves e o respeitabilíssimo Epitácio Pessoa abriram os generosos cofres da Mãe Gentil ao aventureiro internacional Percival Farquhar, audacioso empresário das 1001 empresas. Em "O Último Titã" (Editora Cultura, São Paulo, 2006), seu biógrafo credenciado, Charles Gauld, descreve em detalhes como Farquhar - apoiado em projetos visionários e gordas propinas - arrancou concessões governamentais e amplos financiamentos para construir e explorar, entre outras tantas diabruras, a ferrovia Madeira-Mamoré (que redundou em ruínas para turista ver) e as jazidas de ferro de Itabira, Minas Gerais, que o Dr. Getúlio, nos anos 30, resolveu encampar - tornando a emenda pior do que o soneto.

Em meados do século passado, foram incontáveis as fortunas (algumas decadentes, hoje) que Juscelino Kubistchek plantou, enquanto presidente, no eixo Brasília-Rio-Minas. O próprio João Goulart, o fazendeiro Jango - que, segundo Carlos Lacerda, só fazendo política tornou-se dono de 200 mil cabeças de gado e proprietário de 550 mil hectares de terra, área 4 vezes superior ao antigo território da Guanabara - associou-se ao folclórico Tião Maia, o "Rei do Gado", parceiro ao qual, já no exílio, por razões pouco esclarecidas, desejava surrar de rebenque em mão.

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