domingo, 27 de junho de 2010

A GUERRILHA NO PARAGUAI

Postado por Brasil Acima de Tudo.

Pobreza, capangas e maconha: "El País" penetra nas terras da guerrilha do Paraguai

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27 de junho de 2010
Suspeito de pertencer ao EPP é assinalado em cartaz com procurados pela polícia paraguaia
Suspeito de pertencer ao EPP é assinalado em cartaz com procurados pela polícia paraguaia
Por Soledad Gallego-Díaz, El Pais (*)
Em Concepción (Paraguai)

No norte do Paraguai, no departamento de Concepción, a terra é vermelha e ampla, com belos e péssimos caminhos, salpicados de cupinzeiros e algumas manchas de florestas verdes e espessas. E, sobretudo, com enormes fazendas, mais de um milhão de cabeças de gado e dezenas de milhares de hectares, nos quais ninguém sabe muito bem qual a lei que vale: a do Estado ou a do fazendeiro.

Por aqui, em uma dessas matas, o pecuarista Fidel Zavala passou 93 dias acorrentado a uma rede e coberto por uma lona, até que em janeiro passado seus parentes pagaram US$ 500 mil de resgate, atirados em duas sacolas de um pequeno avião, em um ponto determinado por GPS. Aqui em Tacuatí também foi sequestrado em julho de 2008 o pecuarista Luis Lindstron, que pagou US$ 400 mil para recuperar a liberdade. Em Hugua Ñandú, a poucos quilômetros, atacaram e incendiaram a precária delegacia local, e dois policiais ficaram feridos.

Supõe-se que esta seja a terra por onde se movimenta o pequeno Exército do Povo Paraguaio (EPP), cerca de 20 homens e mulheres que constituem a guerrilha menos conhecida da América Latina.

Mas sobretudo é a terra onde uma única empresa, a Comercial e Imobiliária Paraguaia Argentina, Cipasa, chegou a ter, até pouco tempo atrás, mais de 400 mil hectares de terras, com 300 quilômetros de frente cercada.

Nada estranho no país que sofre certamente a distribuição de terra mais desigual e injusta do mundo e no qual há mais de um século os sucessivos governos presentearam a seus amigos ou venderam o território nacional. A Comissão de Verdade e Justiça, criada com a ajuda da ONU, estima que 64% das cessões realizadas desde 1954 --desde a chegada ao poder do ditador Alfredo Stroessner-- foram ilegais: centenas de milhares de hectares de terras invadidos e dezenas de milhares de agricultores despojados e maltratados.

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