REMUNERA-SE UMA TERRORISTA Doc. 112 – 2010
O GRUPO GUARARAPES APENAS REPASSA O ARTIGO DE ELIO GASPARI (2008)
TRANSCRITO POR REINALDO AZEVEDO
Elio Gaspari
Daqui a oito dias completam-se 40 anos de um episódio pouco lembrado e
injustamente inconcluso. À primeira hora de 20 de março de 1968, o jovem
Orlando Lovecchio Filho, 22 anos, deixou seu carro numa garagem da Avenida
Paulista e tomou o caminho de casa. Uma explosão arrebentou-lhe a perna
esquerda. Pegara a sobra de um atentado contra o consulado americano,
praticado por terroristas da Vanguarda Popular Revolucionária. (Nem todos
os militantes da VPR podem ser chamados de terroristas, mas quem punha
bomba em lugar público, terrorista era). Lovecchio teve a perna amputada
abaixo do joelho e a carreira de piloto comercial destruída.
O atentado foi conduzido por Diógenes Carvalho Oliveira e pelos hoje
arquitetos Sérgio Ferro e Rodrigo Lefevre, além de DULCE MAIA e uma pessoa
que não foi identificada. A bomba do consulado americano explodiu oito dias
antes do assassinato de Edson Lima Souto no restaurante do Calabouço, no
Rio de Janeiro, e nove meses antes da imposição ao país do Ato
Institucional nº 5. Essas referências cronológicas desamparam a teoria
segundo a qual o AI-5 provocou o surgimento da esquerda armada.
Até onde é possível fazer afirmações desse tipo, pode-se dizer que sem o
AI-5 certamente continuaria a haver terrorismo e sem terrorismo certamente
não teria havido o AI-5. O caso de Lovecchio tem outra dimensão.
Passados 40 anos, ele recebe da 'viúva' uma pensão especial de R$ 571,00
mensais. Nada a ver com o Bolsa Ditadura. Para não estimular o gênero
coitadinho, é bom registrar que ele reorganizou sua vida, caminha com uma
prótese, é corretor de imóveis e mora em Santos com a mãe e um filho. A
vítima da bomba não teve direito ao Bolsa Ditadura, mas o bombista Diógenes
teve. No dia 24 de janeiro passado, o governo concedeu-lhe uma
aposentadoria de R$1.627,00 mensais, reconhecendo ainda uma dívida de
R$400.000,00 de pagamentos atrasados.
Em 1968, com mestrado cubano em explosivos, Diógenes atacou dois quartéis
participou de quatro assaltos, três atentados à bomba e uma execução. Em
menos de um ano, esteve na cena de três mortes, entre as quais a do capitão
americano Charles Chandler, abatido quando saía de casa.
Tudo isso antes do AI-5. Diógenes foi preso em março de 1969 e um ano
depois foi trocado pelo cônsul japonês, seqüestrado em São Paulo.
Durante o tempo em que esteve preso, ele disse que foi torturado pelos
militares que comandavam a repressão política. Por isso, foi uma vítima da
ditadura, com direito a ser indenizado pelo que sofreu. Daí a atribuir suas
malfeitorias a uma luta pela democracia, iria enorme distância.
O que ele queria era outra ditadura. Andou por Cuba, Chile, China e Coréia.
Voltou ao Brasil com a anistia e tornou-se o 'Diógenes do PT'. Apanhado num
contubérnio do grão-petismo gaúcho com o jogo do bicho, deixou o partido em
2002.
Lovecchio, que ficou sem a perna, recebe um terço do que é pago ao cidadão
que organizou a explosão que o mutilou. (Um projeto que revê o valor de sua
pensão, de iniciativa da ex-deputada petista Mariângela Duarte está
adormecido na Câmara.)
Em 1968, antes do AI-5, morreram sete pessoas pela mão do terrorismo de
esquerda. Há algo de errado na aritmética das indenizações e na álgebra que
faz de Diógenes uma vítima e de Lovecchio um estorvo.
(NÃO É ASSUNTO PARA A COMISSÃO DA VERDADE OU DEVEMOS MANDAR PARA A COMISSÃO
DA MENTIRA) GRUPO GUARARAPES
DULCE MAIA ERA DILMA ROUSSEFF
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