(*) José Nêumanne Pinto –
Réu em processo penal pelo crime comum de furto, ex-chefe da Casa Civil de Lula convoca estudantes às ruas para desafiarem autonomia da Justiça no Estado Democrático de Direito
O que leva, então, o escaldado militante de extrema esquerda, cuja vida foi salva em troca da libertação do então embaixador americano no Brasil, Charles Elbrick, a percorrer o País em cruzada para pregar a mobilização dos devotos de sua doutrina para ir às ruas pressionar os juízes que decidirão seu destino? O desespero? Desesperar-se por esperar que a sentença lhe seja desfavorável se tem certeza da própria inocência é, no mínimo, insensato. O episódio batizado de mensalão não teria sido mentira inventada pela “mídia” e por seus adversários?
Neste fim de semana, em ousadia que jamais um réu de crime comum, o que é estritamente seu caso, jamais exibiu, Dirceu teve a pretensão de provocar episódio similar ao das “caras pintadas”, que ajudaram a derrubar seu atual aliado Fernando Collor de Mello da Presidência da República, em sua defesa pessoal. Ele conclamou os participantes do 16º Congresso Nacional da União da Juventude Socialista (UJS), ligada ao Partido Comunica do Brasil (PCdoB), a participarem do que chamou a “batalha final”.
Mais do que uma ousadia a conclamação configurou-se um acintoso desafio à ordem democrática instituída. A garantia de autonomia do Poder Judiciário não é um privilégio de juízes togados, mas um direito do cidadão comum. O STF é a última instância para garantir as prerrogativas da cidadania e impedir a ação solerte da violência estatal contra ela. Propor-se a estimular hordas de militantes partidários do socialismo totalitário a subordinarem o Poder Judiciário a pretensões de impunidade de um dirigente político, sobrepondo seu ideário político às obrigações comezinhas que o gestor público tem de respeitar é um grotesco ato fascistoide.
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