quinta-feira, 7 de junho de 2012
AÇÃO DOS PETRALHAS CONTRA UM CAPITÃO DA RESERVA DO E.B.
Cartilha militar prega a destruição de arquivos
Capitão da reserva publica texto em que convoca os colegas a se mobilizarem contra os trabalhos
da Comissão da Verdade. Ministério Público cobra investigação e punição ao autor
Guilherme Amado
Em ofício, o ministro da Defesa, Celso Amorim, informa a PGR que orientou o Exército a investigar o caso
O Ministério Público Militar (MPM) pediu que o Exército instale Inquérito Policial Militar (IPM) para
investigar a criação de uma cartilha por um capitão da Frente Nacional contra a Comissão da Verdade,
na qual ele orienta colegas a boicotarem a atuação do colegiado. O texto a que o Correio teve acesso
pede que os documentos relacionados à ditadura sejam ocultados e não sejam informados os locais em
que foram enterrados os corpos de vítimas da repressão política.
Segundo a Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão, que teve conhecimento do texto e
informou a Procuradoria-Geral da República, o autor é o capitão da reserva José Geraldo Pimentel. O
militar chama a Comissão da Verdade de "comissão da calúnia" e convoca os quartéis a ficarem de
prontidão para qualquer sinalização do comandante do Exército. "Se vocês tiverem em seu poder
registros dos acontecimentos da luta travada contra os comunistas, desfaçam-se dos documentos, ou
guardem-nos em lugar seguro. Não cooperem com o inimigo!", propõe a cartilha (veja quadro).
Em seu site na internet, Pimentel defende o golpe militar de 1964 e diz que a Comissão da
Verdade é dominada por revanchismo. A cartilha alega que o colegiado é o primeiro passo para a revisão
da Lei da Anistia. "Os covardes não irão imitar o justiçamento que está sendo praticado contra os
militares na Argentina, no Chile, no Paraguai e no Uruguai. Não conseguirão transformá-los em gados
fardados, caminhando passivos para o matadouro", diz o texto.
O capitão explicou ao Correio que a cartilha tem o objetivo de orientar os militares, função que,
segundo ele, não é exercida pelos superiores. "Dezenas de outras comissões estão sendo criadas nos
estados com um único propósito: expor ao público e desmoralizar os agentes do Estado que foram
encarregados para pôr fim à baderna que se instalava no país."Procuradora federal dos Direitos do
Cidadão até maio passado, Gilda Pereira de Carvalho oficiou o Ministério da Defesa, cobrando
providências. "Tal manifestação poderá vir a ser enquadrada pela autoridade competente como crime
contra a paz pública, incorrendo seu subscritor, em tese, por incitação ao crime, por convocar outros
militares à prática dos crimes de supressão de documentos, de desobediência e de falso testemunho",
defendeu.
"Inimigos da pátria"
Segundo Gilda, o texto preocupa ao conclamar os quartéis à prontidão, citando a existência de
""inimigos" da pátria". "Em que pese as críticas naturais e salutares à democracia, nos preocupa o tom
pejorativo do documento, ao classificá-la como "comissão da calúnia"", explicou. A procuradora cobrou
que esse tipo de manifestação seja repelida no âmbito institucional.
MINISTÉRIO DA DEFESA
Assessoria de Comunicação Social
NOTÍCIAS DE DEFESA
CORREIO BRAZILIENSE
06/06/2012
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