Resultado da estatal foi pressionado pelo plano de demissão voluntária e pela defasagem no preço do combustível em relação ao mercado internacional
09 de maio de 2014 | 18h 06
Antonio Pita, Mariana Durão e André Magnabosco - O Estado de S. Paulo
Atualizado às 21h
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O balanço reforçou a grande dificuldade da empresa em controlar o seu endividamento. Nos três primeiros meses do ano a dívida subiu mais de R$ 40 bilhões, ultrapassando pela primeira vez a marca de R$ 300 bilhões. A taxa de alavancagem se manteve em 39% e ficou pelo terceiro trimestre consecutivo acima da meta estabelecida pela empresa, de 35%.
Apesar da queda no lucro, o resultado ficou acima das previsões do mercado, puxado pelo aumento das receitas no período, que ficaram em R$ 81,5 bilhões. O reajuste, em novembro, de 8% no preço do diesel e 4% da gasolina, aliviou as contas da companhia, mas não foi suficiente para evitar um prejuízo de R$ 4,808 bilhões na área de abastecimento.
Com o consumo em expansão e as refinarias no limite da capacidade, a Petrobrás tem de importar mais combustível e sofre sem a compensação nos preços da gasolina e do diesel. "Isso reflete a defasagem dos preços dos combustíveis ao longo do tempo, apesar do reajuste do fim do ano passado. É um desafio", resume Nataniel Cezimbra, analista do BB Investimento.
Dívida. A defasagem do preço dos combustíveis no mercado interno também amplia o endividamento, e o elevado nível de alavancagem da Petrobrás preocupa. A relação entre a dívida e o Ebtida (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortizações), alcançou a marca de 4 vezes. A média considerada saudável pela própria empresa é de 2,5 vezes o Ebitda - meta que só será alcançada a partir de 2015, de acordo com seu último plano de negócios.
Em comunicado ao mercado, a presidente da Petrobrás, Graça Foster, credita a piora do indicador aos gastos com o plano de 8 mil demissões. "O cálculo deste indicador de endividamento considera o Ebitda anualizado, trazendo, assim, um impacto expressivo neste trimestre", destacou a executiva.
Segundo ela, em cerca de nove meses os impactos do plano serão diluídos. O plano de demissões voluntárias integra o Programa de Otimização de Custos Operacionais, que no trimestre economizou R$ 2,4 bilhões. Para este ano, a meta é de R$ 7,3 bilhões.
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A empresa fechou março com R$ 78,5 bilhões em caixa, resultado diretamente relacionado às duas captações realizadas no exterior, que geraram R$ 53,9 bilhões. Segundo Graça Foster, esses recursos são suficientes para o financiamento dos investimentos de 2014.
A presidente da Petrobrás disse ainda ter confiança no alcance da meta de crescimento de produção de 7,5% neste ano. No primeiro trimestre, entretanto, houve queda de 2%. A expectativa para reverter o resultado, segundo ela, é a entrada em operação de novos campos.
Sob investigação. Nos comentários sobre o primeiro balanço do ano, Graça Foster mencionou as investigações em que a estatal está envolvida. "As denúncias apresentadas têm sido e continuarão sendo apuradas por meio dos mecanismos internos constituídos para tal", diz a executiva na carta. No texto, ela reitera o compromisso da diretoria da estatal e de seus empregados com a ética e a transparência.
A presidente ainda citou as refinarias de Pasadena, nos Estados Unidos, e Okinawa, no Japão, envolvidas em denúncias de irregularidades na petroleira. Sobre Pasadena, a executiva afirmou que a unidade "continua processando acima de 100 mil bpd em função da disponibilidade de petróleo não convencional a preços competitivos."
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